domingo, 22 de dezembro de 2013


Abstruso, amor...

Nada do que foi um dia será de volta
Nem algum amor complexo, puro,
O que foi desejo intenso, e seguro
Que nada voltará a ser paixão revolta!

Que entendo o pescador à vara que solta...
Que ao criador das águas, impuro
Por os teus olhos de feito escuro,
Por o mar azul de fulgor a minha porta...

Que o amor nos seja honrado!
Que nada nos seja de tristeza e de pecado,
Mas de pulsar intenso ao coração!

Que então, amor, ao meu corpo,
Que não seja o seu desejo implexo, absorto,
Mas que seja eterno sem ser vão!...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013


Depressão

Sozinho, no escuro, vazio viver
Sem ninguém a te enxergar...
Como é bom sentir que de você
Não há ninguém a desventurar...

Sem cor e sem por quê
Nem mesmo o amor encontrar...
Não tendo culpa o sofrer
Nem mesmo o peito a amar...

Deitar ao chão do mesmo bem,
Murmurar, o que não se tem
Em sua já própria expressão...

E ouvir os fantasmas de antes
Em suas vozes, já distantes
Num cantar sem viver a ser vão!...

(Poeta Dolandmay)

Ninguém mais que ninguém

Por que, oh, vida? Por que me deixou
nesse mundo egoísta e sem fulgor?
Nessa terra negra de injustiça onde miseráveis
se idolatram como que nesse mundo vivessem...
— Porcos imundos que sozinhos se afligem —
que não sabem nada do que é viver...
Ricos, pobres, bonitos, feios, negros, brancos...
(Ninguém mais que ninguém)
Do amor, os desejo a justiça e a sabedoria
mesmo fugidias e exaustivas de mim;
porque eu não sei quem sou nesse mundo,
quais todos, ao mesmo pecado em cumprir...

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013


Filosofando

De loucuras fazemos o amor;
do amor que os loucos vivem...

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 5 de novembro de 2013


Extensão indefinida

Que não sejamos conspirados nem forçados a amar
o que não nos faz justo. Que o amor nos seja livre da inveja
e da ignorância. Que não inventemos o despeito alheio
para benefícios e glórias que não nos (caibam) ao espírito.

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013


Eis o mal do mundo...

Tudo é uma troca! Por quê?
Sentir sem sentir... dar pra receber!
Não! doar por amor...
Receber, consequências...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 30 de outubro de 2013


Pós-dia

Por que se tem nesse mundo o segredo
Se que vivem por os deuses implorar
Vida sem noite e amor com luar
Na estrada em que seguem sem medo?

Olhem a morte que lá vem cedo!
Por anjos falam os que vêm encontrar
Paixão sem tempo e tempo sem ar
No fogo intenso sobre lança sem credo...

Seria o saber do que não se sabia, seria?
Forjar fortunas sem ação de morrer
E viver sem viver o que nunca se sente...

Por que rara cobra ao sol deveria
Atentar o despeito sem que fosse o temer
Do futuro em se exceder o presente?

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 23 de outubro de 2013


Metamorfose

Saber dizer,
Desprezar sofrer,
Loucuras puras,
Amor tanto;
Compreender é vida...

Voz erguida,
Paixão encanto,
Lua alvura,
Desejo amar;
Sem ser vão, viver...

Qual sol amor;
Cantar fulgor
E, (igual), enternecer...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 18 de outubro de 2013


Da paixão ao fogo

Enlevado afeto que ao profano sente
O beijo em fogo no queimar a pele,
Que no fulgir paixão em corpo vele
O desejo arder no cumprir da gente!

E findar ardor que não for contente
No aventurar de luz, e, por aquele,
Se desdenhe em sede ao ardil mobele
No enlevar em flor o beijar ardente!

Que do suposto, aventura se vigore!
No acender a chama em mais primor,
De eloquente a cobardia se devore!

E no exaltar tão mais profundo ardor,
Que em disfarce gentil, implore
No emular mais alto, (o vosso amor!)

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013


Canção do amor em paz

Porque ao mundo é pra amar
Da forma que se convém
Mesmo se triste se encontrar
Porque à vida o sol se vem
De forma que se faz brilhar
Mesmo sem ter o mesmo bem...

Porque em tudo faz cantar
De forma simples pra sorrir
A buscar o amor cumprir
Mesmo sem ter o mesmo ar...

Se talvez fosse ao esplendor
Se tivesse em tudo o mesmo amor
E toda vontade fosse a mais
Aos prantos não teria a dor
Seria o chorar de amar em paz...

Pra que seja então cumprido
O amor cheio e infinito
Em tudo aquilo que não se tem
Há de buscar em luz viver
Cantar, sorrir, chorar também
E a todo amor compreender...

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 7 de outubro de 2013


Amor de aspecto

Sentimento, tão mais alto que a dor;
Solidão convulsa desalentada
Pela contextura mal feita e amargurada
Aos acalantos sem mesmo amor.

Ilusão, de apenas um peito em vigor;
Paixão que se eleva mais amada
No perdurar confuso, trama desdenhada
Que tece o linho leve e sem cor.

Que sem medida, a nenhum corpo serve...
Euforia causada; um coração que ama,
Que endoidece, e num só olho escreve

Elevado tão mais alto, mais que a chama;
No morrer opaco d’alma em neve,
Sem sol, ao tão pouco amor que clama.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 1 de outubro de 2013


Viver de alta chama

Se o intento dos meus dias é de amor;
Vencido a minha penumbra desgastada
Contida a me compor a lua amada
Oferecida ao meu caminho em sol fulgor...

Que ao além de mim nem mesmo a dor
Por vezes nas torturas renovada;
Por tantas pretensões na longa estrada
Venceu a vida que a serviu em tão primor.

Que a tantos ofereço em alta chama
Presa ao meu peito sem chorar de arder
Vivendo e cantando o mesmo bem...

Que vencido o afeto ao coração que ama;
Que composta a ventura a se exceder
Nos complexos benditos que a todos têm.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 24 de setembro de 2013


Maior pecado

Imenso amor que ao meu peito guardo,
Tão maior, não há de ser noutra vida
Que a eleve em despercebida,
Que de encantos se caminhe em fardo.

Tão maior, não há de ser em fogo-árduo
Nem de afetos que ao coração não lida,
Que de su’ existência incandescida,
Que dos cânticos que ao sol aguardo.

Amor meu, que dentre paixão me ferve,
Onde não há de me veem leve
Nem aos enganos que o fazem sorrir...

Sentimento louco em que de mim existe
Não há de ser noutr’alma em riste
E nem há de ser maior pecado a vir...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013


Afeto

O tenho porque a vida me deu, portanto,
Para mantê-lo altivo e forte
Sem que o tenha de repente à morte,
O complemento de essência um espanto!

Sempre o mantendo de perfume infanto!
Sempre o ouvindo de inteira sorte!
Que morrer não fosse nunca a norte
Cantando... e sorrindo... chorando e tanto.

Ao sol alto e de infinito o ando viver...
De sorrisos largos, complexo, equivalente;
Que o tenho a propósito de encontrar...

Que no mesmo recesso e ao mesmo querer
O sobressalto, portanto, a toda gente,
Que o amor nos seja a vida, o som, o ar...

(Poeta Dolandmay)

sábado, 14 de setembro de 2013


Verbo–amor

Não! Não precisa amar! Eu sei que é triste!
Mas, olha, me disseram que é bom!
Que ao peito de todo lo’co existe!
Que se conjugado faz-se rir o coração!...

Quem me disse? Sei lá! Por que insiste?
Deve-me notar p’ra não ficar em vão!
Cantar... chorar... viver... consiste
Se acalentar – (p’ra amar na imensidão)

Já me disseram que até se falta ar... Sei lá!
Se fo’ sorrir tá no peito... Onde?
Se fo’ paixão não trouxeram p’ra cá!...

O quê? Vamos tentar? Deus! – (rimou com dor)
“P’ra se’ bom tem que se’ triste!” Donde,
Minh’alma, que se conjuga esse tal de amor?...

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013


Pagão

A vida segue-me andando
Sem que o destino possa-me compor...
Qual sol? Qual luar? Ando
Sem saber onde encontrar o amor...

Qual chorar? Qual mágoa? Pecando
As sombras desse caminho... Nem dor
A mimh’alma desdenhando
Possa-me servir qualquer vigor...

Lágrimas encontram-me à cadência...
Qual sofrer? S’em nada pensa
A esse falsando que ninguém viu...

A essa vida, eu respondo:
Vai andando... e cantando... compondo
A encontrar quem lhe sorriu!...

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013


Coração

Ao teu pulsar, choram as noites frias,
Ao teu pulsar não há orgias nem pecados,
Ao teu pulsar, amam os falsados,
Zombam... o que sente dor, em euforias

Aos meus acalantos de temor e de agonias...
Na solidão dos fantasmas magoados
Que vagueiam, dentre as horas, desolados
Em minha voz, de cantigas fugidias...

A vida é cinza... e sem luar, e sem primor...
Em cadências rigorosas sem amor...
De pele fria, acalentada e sem paixão
Que vestem os sepulcros do meu corpo

Aos pedaços, desse miserável coração
No compulsar... triste, e zombado, e absorto...

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 20 de agosto de 2013


O mesmo bem

Por onde andei... amigo, cantando...
Nada de mal encontrei comigo!
Pois, por onde passei fui edificando
O amor, que agora, divido contigo!

Nesta canção que te canto exaltando,
Trago-te aos pés descalços abrigo!
Ao coração o sorriso espelhando
O mesmo bem, que me tens, consigo!

E, cantemos ao mundo assim: veja,
A vida se traça quando se deseja
O melhor perfume as mãos amigas...

Pois, o mal invejoso desencontrado
Tende a morrer por se querer elevado
O amor de graças e de belas cantigas...

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 6 de agosto de 2013


A minha dor

Deixa-me o esmagar da rocha crua
Sobre a minh’alma dolente e fria,
Que pelo o mundo arrasta ardentia
Já tão intensa... eloquente e nua.

A qual, de rumores, já se perpetua,
Que de convulsas dores, proferia
Sobre a estrada escura, que no dia
Adormece às sombras da candua...

Toda a peçonha já no sangue existe,
Olhar já baixo, curvo, triste
De sentir profundo e de amor negado...

Fecha-me os olhos perante a terra
E sob esta rocha a dor encerra,
Oh, deus da carne e do meu falsado!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 31 de julho de 2013


Morte

Morte! A porta certa e a mais bela
Entre a vida e a escuridão...
Luxúria maldita e luz que vela...
Que aos mortais, clareia em vão!

Sombria, e gentil, e rastejante...
Que me acerca... que por graça,
Inflama minh’alma e passa
A flamejar um amor prestante...

Um vestígio certo do que sou
Petrificado ao teu segredo
Nas noites frias sem luar e sem cor...

Que por te encontrar, sem nada
Seguindo tua luz, sem medo,
Eis em mim a tua dolente morada...

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 22 de julho de 2013



A minha existência

Onde está ela? a ensandecida...
Aquela que me era pra ser tamanha,
ser fonte de amor com tanta lida...

Por que me deixou assim tão triste?
Por que a tristeza existe
a me enlouquecer sem verdade tanta...

Onde está ela? a iludida...
Quem há de me responder sem que vão
a tenha dentro d’alma possuída...

De quem é ela com tanto amor?
É de mim com tão espanto
que eu apenas sei onde anda sua dor...

Por quem é ela sem mais guarida?
De amar sem tão amor vou sem saber
onde anda ela... “a minha vida...”

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 16 de julho de 2013



A minha desgraça

O mais alto entre os abutres! Vão
De amor e ódio, descontente...
Sem luz, sem nada... ao sol poente
Flamejando em mágoas o coração...

O mais alto! Um fantasma ao chão
Rastejando em labirintos, dolente
Ao seu orgulho, e, unicamente
Qual um blasfemado sem paixão...

Um mar morto, uma estrela caída...
O mais vil, de aflição, sem lida,
No vozear de mais um são-pecador!

Sem vigor, e desgraçado, e triste...
D’olhos fechados, que à dor persiste,
No amar sem vida o próprio amor!

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 11 de julho de 2013



Louco

Deste acaso imprecado sem razão,
Em que eu vivo a desventura,
Tudo é pálido, é morto, tudo é vão
Dentre a minh’alma intensa e dura!

Não me há sentimento de ilusão
Neste transbordar de tortura...
Que já inventivo à solidão
Transpõe os meus olhos e perdura...

Eu já tanto sinto esse compasso,
Que já me é amor, que já é laço,
Que já me é tormento de conforto!

E deste blasfemo que vence a morte,
Que sorrio pela vida, desta sorte,
Já me sou de afeto intenso e absorto...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 10 de julho de 2013



O meu ódio

A minha vida é d’uma saudade imensa...
Daquele que em mim pouco sente,
Num profundo notar, de toda a gente,
Daquele que vagueia e nada pensa...

Ando a desventura do que me intensa...
Ao meu falsado, sem que a frente
Eu consiga enxergar o que há contente
Nesta altiva agonia que me extensa...

Olhando por este mundo toda desgraça,
Do sentir que eu sinto, só por graça,
É o viver deste anseio dentro de mim...

E por este sentimento, por esta vida,
Do amor é o meu ódio, é a lida,
Que de saudade eu vivo sem ter um fim...

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A minha casa



A minha casa

Amo-te, escuro-silêncio, dos amados,
Quais na tua solidão se alimentam!
Aos seus amores não inventam
Olhos caídos de sentidos conjurados.

Amo-te, escuro-silêncio, dos pecados,
Quais nos teus ardores amam!
Nas tuas entranhas cantam
Aos espíritos que te vagam desolados...

Das almas que a tua casa é conforto,
Sou de igual mendigo-absorto
No desejo ao teu perfume, em flor...

Amo-te, escuro-silêncio, das sepulturas,
Dos quais te morrem às amarguras
Por renascer dentre as verdades o amor.

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Dom de amor



Dom de amor

Amar demais! Que alma fosse amar
O escuro da noite morta...
Amar demais! Que vivo a amargurar
No silêncio em que me conforta...

Amar as penumbras que me suporta,
As convulsas dores no perdurar
Dos anoiteceres imensos, o luar
Que nem casto bateu a minha porta.

Sinto! Amo! Mas o que sinto e amo
São os confortos do meu engano,
São os fantasmas quais eu converso...

Amar que do meu peito é espanto!
Silêncio, luar, amargura é o que canto
De amor, que me deu a dom o verso!...

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O medo e o Poeta



O medo e o Poeta

De qual vento vieste? Perdido
Sem composto ao chão, vagando...
De qual céu tu vens banido?
Em qual lua o teve amando?

Por qual estrela estás pedindo
Sem engaço de voz chamando?
Por qual amor vem vindo
Em tremente ardor gritando?

“Choras a solidão ao sol do norte
Como cipreste-calvo e, vão,
Vagueia tu’alma ao frio da morte...”

Queres ao meu peito qual paixão?
Do sepulcro já és a sorte
E na minh’alma a imensidão!...

(Poeta Dolandmay)


O mais alto

Qual saudade nos eleva mais? A do amor? A da verdade?
A da compreensão? Viva o novo... viva a nova luz!
Que as angústias possam dormir no amor!
Que vivamos cantando... e amando por toda a vida...
Que o desejo da bondade nos aflore...
Que vivamos o qual num vão momento nos pôs existir
num propósito único; amarmos-nos e amemos...
Que a energia desta nova luz nos possa aquecer...
Que de aparência não sejamos julgados...
Que de esmolas nos alimentem em amor...
Que de inverdades não sejamos grandes e displicentes...
Que o amor nos possa
encontrar mesmo nas noites de solidão...
Que possamos renovar a alma para um novo dia de sol...
Que venha o novo sol,
a vida e a esperança de novos amores,
mais plenos e belos... Pois, como poderá ser a noite morta
se aos corações vivemos a luz dum novo amor?
Que seja belo em nossos corações...
Que o diário da vida nos seja esplêndido de Paz!
Vivamos... consagramos cada segundo de sol...
E sorrimos... e cantemos: “Como a vida é bela”
Sem que nos esqueçamos da fonte e da luz perfeita: Deus!

(Poeta Dolandmay)


Liberdade

Se hoje vivemos em um tempo de livre expressão,
Por que nos restringem tanto? Quais os medos?
Que nada de incertezas e de arrependimentos nos domine;
para tudo há um conforto de prazer...
Pois, no vazio em que nos envolvem, sabemos que,
Nada somos, para quem, em nós nada é!

(Poeta Dolandmay)


Absoluto

E vêm novos dias... e vêm novos tempos...
E sobre nossas mãos estão todas as coisas...
Mas, no relógio da vida, qual virtude eleva um tempo?
Quais provas nos são mais absolutas do que a qual
nos eleva ao Deus de amor?
Que do mais alto sejamos eternos...

(Poeta Dolandmay)


Ciclo

O tempo passa... o dia se vai... e logo vem a noite...
Que a luz do amor nos alimente a alma
elevando-nos o espírito ao esplendor da bondade...
E nesta nova, possamos cantar a vida...

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 20 de junho de 2013



O sonhador d’estrelas

Vagueando ao mundo de amor,
Amou... o triste sonhador d’estrelas...
Ao espaço do jardim sem cor,
Sorriu... a flor que pintou por elas...

Sonhou... por, vagueando encontrar
Delírios... orgias... e paixão...
E, sorrindo às luas, o amar,
O teve de imenso o feliz coração...

Sonhando... ao amor, sonhando...
Aos teus braços em pureza perfeita,
A tristeza o viu desprezando,
E feliz ao teu colo era a flor-eleita.

Amou... sorriu... e, aos astros do mundo
Dormiu e sonhou o Poeta profundo...

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 17 de junho de 2013



O verbo Poeta

Nasceu, conjugou-se, amor
Em tudo que há de perfeito infinito
Na voz, n’alma; n’um só grito
Criou-se d’estrela esplendor...

Mas por nuvens escuras chorou
Triste, desdenhado, restrito:
Poeta de amor aos versos bonito
Que ao cantar, sorriu e amou...

Mas antes que não fosse o chorar,
Quais luas que veria profundo?
Se n’alma que não fosse o sofrer,

O que seria o cantar neste mundo?
De qual verbo seria o amar
Se o amor é cantar, e chorar, e viver...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 14 de junho de 2013



A dor e o Poeta

Porque sofre solidão, acalentado
Por tão pouco de carinho...
Porque de peito cheio e desdenhado
Procura estrelas no caminho...

Porque perdura ilusão, condenado
Na cruz da saudade e desalinho...
Porque carpir-se de pecado
A flor de tão melhor espinho...

Porque do sol vem seu desejo
De luz-perpétua e leve... e, em vão,
O cravar do idôneo beijo...

Porque sem fulgor, n’alma espera
O amor-encanto e, paixão
Mesmo ao peito cheio que o tivera!

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 7 de junho de 2013



Constante

Por tão mais amor que cresce
Em qualquer outro canto,
É que dos meus sonhos falece
Meu coração ao meu pranto...

Por tão mais paixão que a minha
Em qualquer canto encontrar,
É que de amor passarinha
Meu corpo quente em pulsar...

Por tão mais desejo de instante
Em outr’alma prestante
Haver com mais intensa virtude;

É que o meu sentir endoidado
É dom p’ra pagar o pecado
De amar com tão mais plenitude.

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 29 de maio de 2013



O diário e o Poeta


Que nada de indiferente à bondade, à fé e ao amor nos seja pleno!

Que aos ocultos de nossa alma o sol possa brilhar mais intenso

na esperança de novos tempos...
Que de sentimento puro, o amor nos seja saudades eternas...
Que de todos os dias, Deus possa nos aliviar a alma
e nos conceder noites de conforto!
Pois, qual coração é capaz de guardar um segredo de amor?
Que forte possamos gritar este sentimento!
Que das honras nos levem as glórias do bem-querer!
Que possamos transcender a alma na excelência do amor-perfeito!
Pois, o que seríamos sem os sonhos infinitos de amor?
Por tudo somos de igual sentimento:
Não sabeis do que tu és, mas sim de tudo que me deste
sob os teus carinhos esplêndidos!
Que nada de obscuro possa nos ofuscar a alma!
Pois, de qual ambição somos elevados?
Ah, o amor, que das razões é o perfeito!
Que aos pecados não nos julguem por amor!
Na vida, somos eternos aprendizes, 
pois que de orgulho nada nos alimenta!
Eu entendi! O que nos anseia ao coração é dizer: eu te amo!
Então, "que seja doce", simplesmente...
Por nos ser constância a vida, 
passamos por decepções diariamente...
Ta, então, que amar não nos seja sofrer...
Que nos seja a outra metade, uma lembrança pura!
Que de amor possamos aquecer a alma!
Que de melodias o amor nos possa vestir!
Que as promessas de amor nos sejam imensas...
Que os anjos nos reservem a eternidade dos céus!
Que nas noites, possamos sonhar 
no que nos é esplendor, paixão e desejo!
Que vivamos na busca eterna do amor!
Que nada de incertezas nos possam romper a esperança!
Que o anjo dos sonhos nos possa proporcionar sonhos tranquilos!
Que nada de mal nos possa pertencer,
e que sejamos dignos nas nossas bondades!
Que no nosso peito não carreguemos as mágoas, e sim
a esperança de um novo amor, mais pleno e belo!
Que na vastidão do amor sejamos em verdade!
E que sejamos dignos do amor-verdade!
Que possamos cantar a vida na alegria de viver...
Que nos seja o amor a razão de tudo; luz, esperança e paz!
(Eis uma nova vida, e os fatos que sorriram...)
Que o Senhor esteja atuando em vossos corações!
Porque alma eu sou e da vida me alimento!
Porque de mim, nada é absoluto!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 22 de maio de 2013



O meu conforto

Sol poente... noite fria! Cá estou! Sou eu.
Eleva-me à fragrância da flor morta...
Que do dia, me restou a vossa porta
Por voltar à luz bendita que morreu!

Sou do teu conforto de saudade
O teu grito erguido em trevas de infinito...
Prega-me à cruz da insanidade
Que sou de ti a história curta de um mito!

Sou eu! Cá estou! Abra-me seus espaços,
Minha cruz, onde morre a minha dor,
Que já breve volta à luz os meus cansaços...

Noite fria... solidão! Oh, meu amor!
Dá-me o conforto dos teus braços...
A ilusão dos meus instantes de primor...

(Poeta Dolandmay)


Você é louco?

Às vezes sou estrela.
Às vezes sou caminho.
Às vezes sou primor.

Às vezes sou trevas.
Às vezes sou alvorada.
Às vezes sou dor.

Às vezes sou esperança.
Às vezes sou Poeta.
Às vezes, sou amor.

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 17 de maio de 2013



A minha bênção

Vida nua, mariposa das noites, fria
Qual um rio corrente, sem nada,
Sem destino e desvairada,
De caminho torto... de ardentia...

Vagueando curva de pecados, fugidia
Em preces dolentes, maculada
Rompendo o sol, e desgraçada
Como as rochas vagas... de agonia...

Silêncio de bênçãos... branca alma
Arrastando saudades... sem talma
Poisando os pés descalço em dor...

Vida além... Ah, pobre vida além...
A vaguear no mundo... sem ninguém
No mendigar dum só pouco amor...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 8 de maio de 2013



Ilusória

Deixa-me amar-te
unicamente em espírito:
sou do teu corpo humano
aquele sangue quente
que em suas veias
percorre frenético e compulsivo...

Tua imagem é como a lua
a clarear os meus sentidos;
porque em espírito
eu a conheço em amar-te...

Mas não me queiras
compulsar desejos vaidosos;
esperança lhe será em conforto,
todavia, à carne, me é
distante em conhecer-te.

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 2 de maio de 2013


Foto: Lee-Jeffries


Os meus fantasmas

Não me venham dizer que me amam!
Nenhum de vós; pois, que mentem...
Neste mundo não estou! Andam
Junto à minh’alma os que sentem...

E sobre mim, cruéis, nada inventem!
Erguidos são meus sóis, não iludam
Os meus fantasmas, que se erguem
Junto aos teus pés que tão me julgam...

Andem junto a mim, sem mesmo amor...
As estrelas, vejam como eu vejo...
Sintam ao meu peito a mesma dor...

Mas não me digam amar o mesmo céu,
Nem que de vossos corações sou desejo...
Pois, vivo neste mundo, mas não sou eu!

(Poeta Dolandmay)


Piedade

Os maus,
para vencerem com o mal,
se unem...
Mas os bons,
pelo bem,
sempre lutam sozinhos.

(Poeta Dolandmay)

Foto: Lee-Jeffries


Do arrependimento

Não os deixem fazer contigo o que querem!
Não se arrependa de ser tratado com indiferenças;
Pois, não terás nada do que se arrepender!
Seja cheio das maldades contra ti!
Não se deixa surpreender por nada...
Muito menos por ameaça de arrependimento;
pois, quem terá que se arrepender,
é quem te julgas em injustiças...
Faça com que o sentimento do seu coração
e consciência seja mais forte que tudo!

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 30 de abril de 2013


Foto: Lee-Jeffries


Faz-se notar

Se vos me notarem sorrindo e cantando
Com uma aparência tão leve;
Pois, ao meu peito a dor que tece,
Já é ela muita! Na face, engano!

O sol é distante de mim, mas é ufano
Ao meu cerne vestido em neve...
Sorri o meu corpo humano!
Canta a minh’alma, tão breve...

Sou de muitos fantasmas! Sou facundo!
Os meus sentidos transmutam...
A minha voz é confusa... No mundo...

Cantem e sorriem comigo... Sou engenho
De dores convulsas! Iludam
Estes raros instantes que tenho...

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 23 de abril de 2013


Foto: Lee-Jeffries


Elevado

O sol escaldante é do meu deserto.
Somente meu! No amargo da minh’alma
Resoluta... Que abraça, que acalma
Os gritos do meu peito aberto!

Ouço diante das penumbras, palmas
Das minhas mãos trancadas... Que certo
Desenha o mal que não acerto
Ao rebatar do meu cerne a talma!

O manto alvo é do meu conforto!
Nada que eu suplique será certeiro amor...
Sou de um mundo impuro e absorto...

Pra que endoidecer? Eu vou andando...
Nesse caminho pleno e de puro ardor...
Aos revolutos sóis que me vão gritando!

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 9 de abril de 2013


Aspecto

Nada lhes pude dar dos meus sorrisos,
as verdades claras e constantes...
Só por instante as inverdades, quais dos lírios,
a flor plena dum amante. Sois traça
das vestes que penduram aos varais...
Alma amarga de incertezas... Sois reflexo
e desgraça das aves brancas dos vitrais.
— Sol-espírito bendito do amor estimulado...

(Poeta Dolandmay)


Concordância de fatos...

Por qual essência? Por qual música?
Não sei! Talvez, pelo retendo que toca.
Antiga melodia cumprida... Talvez,
um momento ritmado ou uma voz infeliz.

Disse-me o profeta,
e disse-me os anjos das igrejas do sepulcro:

“Concordados ao amor são os fatos da razão!”

(Poeta Dolandmay)


Comentes

O que seríamos da vida sem os espinhos?
Quais parábolas nos fariam vitórias?
Vivam os dias por cada tempo...
Ao além do amor, ao além da vida...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 8 de março de 2013



Único Amor
A Florbela Espanca

Porque ela chorava... Ao fim de eras...
Porque nada lhe era completo...
Nem a voz, nem o som dum dialeto
Que aos gritos de saudade a fizera...

Rompiam-se os montes do infinito...
Que vinham por ela sem algum amor!
E guardava as trevas... E num só grito
Rompia-se aos versos a sua dor...

E regava de clareza infinita a sua voz
Num conflito triste de saudade...
Porque era dela o sol na imensidão...

Porque nada vivia ao seu algoz,
Em sua aparência triste e de bondade,
Porque era dela o peito cheio e vão!

(Poeta Dolandmay)

"In memoriam"



Vida e nada

O que buscas
Na imensidão?
Tão fria...
O beijo, a alma?

Triste conflito,
Buscas o amor?
Sem vida...
O Sol do dia?

Vinde perdidos
Sem chão...
Sem nada...
Buscas a calma?

Olhas adiante...
O que vês? A luz?
Sem luz...
De porta fechada?

(Poeta Dolandmay)