sexta-feira, 30 de novembro de 2012



Depós o inverno

Aos sóis, num tempo de desventura,
Pregado ao amor e a tristeza,
O lírio ao vento espalha a beleza,
Formando-se paixão sem amargura...

Eleva-se, e cantiga, a lua-ventura
Das noites pratas, e, quanto mais acesa
Clareia aos campos em realeza
Juntando-se as flores sua candura...

E pecados não se ouvem de perverso;
Os bálsamos dispersam o reverso,
O jardim é um só complexo de fulgor...

As estrelas se completam as amadas,
E na fragrância azul das alvoradas
Renasce dentre as cinzas uma nova flor!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012



Resplandecência

Se nada for de tristeza ou de pecado,
Ilusão e medo são de florir breve...
Que nada em constância se escreve
Na penumbra de um dia ter passado!

E é luz sobre o calvário do terrado.
O tempo cinza é um cair de neve...
Que de existência nada é vil e leve
No primor do imenso sol dourado!

Que são de provar tudo que engana!
Que de sonhos, a paixão profana
No descalvar dos jardins em flor...

E os dias se idolatram em quimeras!
Dos sepulcros, erguem-se primaveras
No perfumar da vida em esplendor...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012



O Espírito e o Poeta

Quem de mim é mais notável, oh, Espírito cruel,
Mais do que o seu fulgor, mais do que seus versos?
— Que me abrasa! Ao seu fogo-árduo, e, em fel,
Mais do que o amargo dos seus dentes perversos...

Os cânticos se cumprem, e são tufões dispersos;
Sem ouvidos, sem olhos de sol, são baixos cordel...
E, dos seus clarões, que são das noites reversos,
São de mim mais cândidos que o seu formoso céu!

Quem de mim é mais vil qual seu punhal infinito?
Mais do que seu gume, mais do que seu querer,
Arqueja dentre ao meu peito o seu imo profundo!

E a canção que se perde? E o seu rompante grito?
Mais do que seu pudor, mais do que seu poder,
Sou a alma em que brilha sua amargura no mundo!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012



Origem-Santa

Sol altivo e quente. Bondade invulgar,
Imensidão de promessas, vida-além:
O anjo da luz, no primeiro luminar,
Em que habita ao mundo... — O harém!

Esperança e conforto. O amor e o luar:
Idólatras que dispersam o mal, o vivem
Aos jardins de sorriso, o despertar
Dos sepulcros dos sonhos... Amém!

...Que desejos fossem de astro-claridade,
Do mar azul a pureza e a verdade,
Ao sol o dispersar da ilusão e do medo!

Sangue e paixão: amplitude e afeto,
Que ensinaste ao coração o homem-reto;
O fulgor da eternidade... — O segredo!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012



O poema

Talvez um delírio, inculto e quente,
Paixão de intenso clamor, impuro,
Um displicente calor que perduro
No insensato mundo em que sente...

O desconexo, o cauto, o conjuro,
Que se implica a vaguear entre a gente:
Luz que boêmia, ao sol poente,
Dum indescritível sentir obscuro!

Mas que vigora, e que me intensa
De demência grata e de bendito amor!
Que flui, o estreito da minha sentença

Doce, e leve, e altiva que impera,
Em que na existência me faz esplendor
Ao estouvado astro em que vela...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012



Isaías 53:5
Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões
e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele,
e pelas suas pisaduras fomos sarados.



Jesus

“Eis que sou o quem nada humilha,
O quem de tristeza sorri, se faz perdão;
De amarguras complexas ao coração;
O quem a Deus os envolve, maravilha.

O quem de luz os faz findar a guilha,
Quem de torturas nada sofre em vão;
Que de pecados, sem cair ao chão,
Os eleva, os aquece, e o caminho os trilha.

Sou aquele que na estrada sã da coragem
Os santifica, numa única e santa imagem,
Quem de sangue os deslumbrou na cruz!

Sou aquele que de esperança os corteja,
Quem da fé ao Espírito-Santo os almeja
Aos meus braços no santo-dia: sou Jesus!”

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012



Outrem

Por tudo que vivi, na elação dos meus dias,
Despi as eras da eloquência, em paixão,
E os meus consequentes ao coração,
Os dissolvi como encantos de fantasias...

Que, num reino condenado por magias,
Sem que pudesse em realidade, em extensão,
Os meus sonhos imprecados sem razão,
Detrás aos pecados se perderam, em euforias...

Que vivo e revivo aos devaneios, que igual,
Um ser d’outras eras, num ponderal
Emanou-se em minha vida falsidade...

Que encantos meus? Que tal encantos
Haverá d’eu viver... d’eu viver aos cantos
Se aos orgulhos conjugados sou inverdade?!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012


Foto: Lee-Jeffries


Mendigo

Posso ser o que me quiserem ser;
Amor... Tortura... Astro pungente!
Aos versos, um grito incoerente,
Ou um tolo mendigo ao se merecer...

Belos segredos d’um vil viver,
Hás em meu peito para toda a gente...
Hás amarguras; dor do que sente,
A minh’alma em vos compreender!

Pregado a cruz de minha estrada,
Podem me ver como luz de alvorada,
Ou como ocaso d’um são pecador!

Posso ser sol, trevas, mutável deserto,
Ser porta fechada, ou lírio aberto
Sob as esmolas d’um só pouco amor!

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012



Na roda da vida...

“Eis a sombra, e o sol
que desponta sobre as montanhas;
uma escolha.”

(Poeta Dolandmay)

sábado, 25 de agosto de 2012



Conjurados

Onde estão vocês? Oh, anjos santos!
Para quais céus partiram? Separados,
Eis aqui meus acalantos,
E meus punhais, e meus notados...

Que dos sepulcros se cumpriram os fatos...
Que então, se findaram os pecados...
Destes corpos acorrentados, —
Dos quais tantos me olham aos retratos...

Findais! Estes dias esplendorosos...
— Que nada mais sois além de alma e ossos...
Devolveis meus espíritos de amor fugaz!

Eis de vós o filho gentil e de fiel tortura...
O qual de paixões se torce amargura,
Na conduta santa de um Deus de paz!

(Poeta Dolandmay)

sábado, 28 de julho de 2012



Tresloucado

Eu sou a-quém vive o amor cantando,
Um pássaro a voejar por céu-além...
Um desdenhado ao tempo sonhando
Por se encontrar no que não me têm...

Os segredos dum vultoso sol-harém...
Sou um vagante, aos poucos buscando
Os de afeição, e sem ser ninguém,
D’outra existência vou desvairando...

Que lua, que fulgor intenso d’estrelas
Acalentará meus céus, por eu de vê-las
No independente mundo em que sou?!

Solidão oculta! Paixão tanta! Perdido,
— Eu sou dos céus um condor ferido
Por um amor que nunca se encontrou...

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 24 de julho de 2012



O firmado

Que vejam as sombras dos mistérios...
O meu corpo firme ao truncado,
À árvore do destino... Magistérios!
— Folhagem que poupara meu pecado...

Que vejam ondas espumadas... — O ateu,
Que se banha de fortuna, que falece,
Quê aos mares, resoluto, de apogeu,
Repousa o firmado indulto duma prece!

Crepúsculos d’ouro, à terra de fulgor...
Que vejam entre as montanhas o porvir
Dum incrédulo nefário de acalanto...

Que vejam novas graças de esplendor,
Duma face celeste e dum sorrir...
— A mesma cruz em que deliro e canto!

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 6 de julho de 2012



Meu calvário

Dias me completam, em fulgente deserto!
Brilhante! Quem mais poderia dizer
Se não a voz tua? Oh, alma do meu viver...
Pôs-se o seu manto ao meu corpo incerto.

Que tristeza? Que mágoas? Amor liberto...
Pôs-se ao meu caminho percorrer...
O fulgor da noite, a lua, o mar aberto...
— Que vinde me buscai o desabitado ser!

O qual se impõe, num iluminar, sem luz...
Que vês sob os vitrais da divina cruz,
O seu corpo de sangue numa terra fugaz!

Pois sou aquele que de amor descontente,
Eleva-o a voz, à voz de toda a gente,
No contrário fulgor do meu ermo de paz!

(Poeta Dolandmay)



Exoro

(...)

No contente amor do seu manto de paz,
Vê-te, meu ermo, a paz;
Para que, vejam aos vitrais o teu manto,
O qual no calvário, não vê amor descontente.

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 5 de julho de 2012



Sob o deserto escuro

Os ventos murmuram convulsos
Sob o tempo que não há tempo...
E a procura do amor na escuridão,
Os espíritos suplicam suas asas...

E eu ouço os murmúrios...
E eu vejo o céu dos anjos...

Almas vagueiam sem intento
Sob a terra dos benditos...
E os lobos espreitam seus alentos
Sob o firmamento dos pecados...

E eu ouço os murmúrios...
E eu vejo o céu dos anjos...

O meu corpo se firma à tempestade,
E olhos acesos me seguem
Dentre os sepulcros dos caminhos...

E eu ouço os murmúrios...
E eu vejo o céu dos anjos...

A luz é como o ouro no calvário.
O crepúsculo se rende a claridade,
E os ventos emudecem ao amor...

E eu ouço os murmúrios...
E eu vejo o céu dos anjos...

Porque aos meus pés há fogo árduo
Sob o tempo que não há tempo...
Porque detrás de mim há escuridão,
E à minha frente há esplendor...

(Poeta Dolandmay)


No sepulcro da estrada...

(...)

Asas se multiplicam aos que sonham...
O amor cantiga a sua calma...
Juramentos elevam-se dentro d’alma...
E a esperança se devolve o nome...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 4 de julho de 2012



Antes do próximo dia

Ofusco arrebol que me abraça
para uma nova noite em que feliz
me vago na melancolia do sol,
perca-me, antes do próximo dia.

Que os teus sonhos sejam eternos
dentre a alegria que te encontro,
e que neles, o meu amor perdure
ao renascer, antes do próximo dia.

Que das trevas que te pertence
possa enternecer o teu conforto
na distante luz do meu viver...

E que nela, o meu amor perdure
ao renascer, antes do próximo dia.

E que nela, o meu amor perdure
ao renascer, antes do próximo dia.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 3 de julho de 2012



Ateísmo

Poder - e - honra: imenso mal que suplica,
Enfurecido ao orgulho e a falsidade...
Soberba demência que se cria em maldade,
Aos gritos duma crença convicta...

Donde vens? De quais trunfos? Mar distante...
Águas baldadas em sal perverso...
Que de horas breves, implora o reverso;
Que de sede faz matar o sol dum instante...

“Dar-me o domínio, oh, ser de glórias!
Que de vossa empáfia se rompeu os montes...
Que bendito sois vós de vossas histórias!

Um sopro complexo, de sua imensa altivez...
Dar-me a visão do ouro e das fontes,
Do brasão que enriquece a noite em que vês!”

(Poeta Dolandmay)


Altanaria

“Que orgulho tem o Mau?
Dos males de orgulhos;
Maldades que gritamos ao bem maior!”

(Poeta Dolandmay)

sábado, 30 de junho de 2012



O Poeta

Quando juntar a mim o perfume morto
Da estrada em que ando na ramaria
Dos arvoredos secos, sem paz, e absorto...
“Que notado mundo, verei o sol do dia!”

Quando o cedro der-se pequeno fruto,
Branco em neve na luz dum luar,
Que fora, ao zumbido a voz dum tributo...
“Mais um réu a juntar-se irá vagar...”

Imensas cores terão as alvoradas...
Os sóis queimarão, sem fogo, sem arder,
Dias e dias, sem negras madrugadas...

E o mar revolto, na calmaria de vencer
Os meus braços, nos ramos das jornadas...
“Que notado morto ledores hão de ver!”

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 27 de junho de 2012



Morto

Assassinos que me ensinaram a lutar,
Vinde! E levais todos os teus medos!
Que desse abutre d’asas negras ao luar,
Não descubrais seus fúteis segredos!

Vinde! Criaturas de extensão pouca!
E os trêmulos, e os de sem amor!
Que os murmúrios de minha boca,
Já os cantam noites como esplendor!

Sepulcros, sopros impuros, vendavais...
Desse, que veem desnudo, elevais!
Eis do que finar-se não mais fazem rir!

Vinde! De esperança elevou-se a cruz!
Que, de cadáveres, bendizeis a luz!
Pois não me há mais chão pra se cair!

(Poeta Dolandmay)


Que seja dos trovados

Que sei! Que de regras rege o mundo...
Talvez por isso eu seja o que sou,
Um funesto que ninguém vê!

“De vida, que é vida, mesmo sem voo; porque é vida!”

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 20 de junho de 2012



Aparência

O que sou distante desse mundo?
Nem um miserável criticado a força!
Que bem aqui, sou um circundo
Por quem me vê, por quem me torça!

Que seja eu, curvado, tristeza toda!
Assim, sou mesmo um profundo,
Que de gargalhadas sou bucha-escoda;
Um lavar de cerne de moribundo!

“Sou chuva que cai e que corre solta,
Sou água sem brilho e absorta,
Sou dessa terra mais um pecado!”

Que bem me veem dum amor-tortura!
Porque sou filho da amargura,
Do orgulho mudo do meu falsado...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 15 de junho de 2012



Politeísmo

Andantes pagãos, vis, enfeitiçados
Em visões complexas, de ouro coberto;
Sol destro, aos olhos fechados;
Visão sem luz, de tempo incerto...

Que murmuram nefário, que dialeto?
Se nada esconde os pecados!
Em fulgores se estendem em afeto,
O astro que nasce, os corpos dourados...

De nada se vê o mundo, que bondade?
Se aberto em fleuma é saudade,
Se de treva em agrado é tortura...

Que erguidas aos céus fossem as mãos,
E enlevar fosse a Deus os pagãos...
Que eterna fosse à luz que vos dura!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 6 de junho de 2012



Os meus versos

Na elação fúnebre das vozes displicentes
Cânticos mortos se erguem em amores
Rompendo os aspectos fúlgidos doentes
E de bálsamos puros renascem as flores...

Dos meus sentidos frígidos descontentes
Espectros que me rondam em ardores
Levantam-se em enigmáticos fulgores
E do meu corpo se apossam... Frementes

... Os indizíveis atos que me envolvem,
Que sem paixão em meu peito dissolvem
Elevam-se em desejos estáticos de dor...

E os meus jardins conspirados, impuros,
Imprecados por abantesmas conjuros
Ressurgem-se em cânticos vivos de amor...

(Poeta Dolandmay)


Missiva

“Na vida, há noites e há dias,
mas na magnitude do amor,
tudo se torna sol.”

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 30 de maio de 2012



Expressão

Digo aos versos a voz conspirada,
Qual dispersa amargura e amor...
Que vem quente, outr’ora gelada,
Que vêm trevas e vem esplendor...

Digo de alma, de ternura apagada,
De espírito-luz, de intenso fulgor...
Que digo da esperança fechada,
Que digo da fé a Deus-alto: Senhor!

Voz, que ao mudo, a alma chora...
De palavras frias, coração apavora,
Que apaga estrelas ao céu imenso...

Que ao reverso, perfume se’spalha...
Em primor aceso, do Divo que talha,
Como brisa mansa ao ar propenso...

(Poeta Dolandmay)


Num acaso conspirado...

(...)

“Os anjos me disseram que todo destino é mudo,
pois somos dele o que queremos ser.”

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 28 de maio de 2012



Reflexivo

De palavras nos faz o tempo, de amor nos completa a vida.

(Poeta Dolandmay)

sábado, 26 de maio de 2012



Destino mudo

Ao mundo me chegaste; e a dor me seja branda
Do primeiro sopro aos ventos de tristeza, elevado...
Disse-me os anjos dos céus que me agrada:
Vai como o sol que queima, seja luz e ornado!

Que na terra ando, como um louco desdenhado...
E por meus sonhos, e por minha esperança aceitada,
Que suplico! Que me amargo um ser curvado,
Como quem surgiu duma amargura conspirada. —

Vai, meu corpo bendito, e te brilhas da luz pura!
Por as trevas em que te passar, ao caminho torto,
Vai como a lua que nasce na estrada escura!

Que vagueio em meio ao fogo, sob o ar que respiro,
Como um sopro de amor ao meu fiel conforto,
Que me elevo à Deus! Fortuna muda que deliro!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 16 de maio de 2012



Último Pranto

Acaso torto! Hás d’eu, portanto, cumprir
Por esta vida de prantos e de amor:
Existência qual foi traçado o meu porvir,
E glória, qual me foi vista ao esplendor...

O firmamento, que me figura em exaurir
A maldição, o engano sedutor
Que me avaria, em promessas, induzir
A alma em displicência ao meu fulgor...

O qual me invoca em ilusão ao pecado,
Que sem razão, me complexa ao mundo,
Que sem esperança me intui elevado...

E consumado eu me vejo ao sol disposto,
A vencer todo chão de ardor profundo
Que de triunfos, eu me vejo sorrir o rosto...

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 14 de maio de 2012



Deus

Nasci como me quiseste, elevado
E puro, no mundo que julgaste santo;
E as palavras me são santas, e canto
De insanas vozes o meu vão curvado.

Saí pela porta, de ilusão e de pecado,
Sem que me deste um vil encanto,
Sem que eu fosse um sorrir de pranto
Suave, e disposto, de inútil cuidado...

E de rugas caso a face, ao vento morto
Do meu indigesto tempo... E mudo
São os cânticos à luz do meu porvir...

Que vem tormento ao meu sol conforto,
E vêm canções ao meu pavor agudo;
Que o fim me fosse, ao teu amor sorrir...

(Poeta Dolandmay)

sábado, 5 de maio de 2012



Miragem

Ser um amor alegre entre os amados,
Ter um destino jurado e bendito,
Ser um modesto à não andar restrito,
À jamais pedir perdão dos pecados...

Ser um santo em meio aos malvados,
Ter na paixão tatuado um só grito
Como um sapo no frescor dos banhados
A esperar seu grande amor infinito...

Ter o que o Homem afirmou ao luar:
“Eis p’ra cada um uma estrela a brilhar...
Em toda vida há um vultoso plano.”

Ser simplesmente uma razão de viver...
Ter dum Poeta, o verso, um querer;
Que tanto no mundo eu sou um engano.

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 2 de maio de 2012



Outono

Um caminho restrito. Insatisfeito
De pecados, de amor e desejo...
Vejo nessa estrada o ardor d’um beijo,
Vejo em desalinho um sol desfeito.

E a noite, se banha em meu peito
Numa existência de conflito e de ensejo.
E o calor que sinto, e a luz que vejo,
De nada me completa o amor-perfeito.

Tempo complexo de paixão e verdade,
Donde fostes? Deixaste a saudade...
Não sei do quê! Nem da qual eu amo!

Vem outro tempo, e vem outra estrada...
E eu vejo o sol no queimar do nada;
E me vejo ao vento d’um novo outono.

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 23 de abril de 2012



Inverso

Os dias de luz me passam, condenados,
Na tranquila vida que me veem sorrir;
Ilusões de olhos negros e afortunados
Que me põem há um santo dia destruir...

Luminar, e, contudo, em versos partir!
Assim me veem os aventurados...
Na noite fria, à lua branca, desalentado,
Assim me veem os que se julgam elixir...

Que o tempo te consuma ardor! N’alma,
Que o sol te feche! E, na calma,
Que não te cerre os distúrbios de amor!

E os dias que te forem santos, sem luz,
Que abram os meus braços sobre a cruz,
Que lhes veem, oh, vida, seu esplendor!

(Poeta Dolandmay)

sábado, 14 de abril de 2012


Pretexto

Que nada me fosse vil! E pecado
Ao firmamento! E eu seria um santo,
Que, no mundo, o meu pesado
Seria o meu provar de acalanto...

E de toda à vida, eu seria um manto
Ao destino, que se prega andado,
Mudo. E, qual razão teria um pranto?
E de qual amor seria meu curvado...

Por tudo é essencialmente puro!
E nada é de vão momento...
Nem adúltero, nem enlouquecido...

Por tudo o que é desgraça, impuro!
E canto, e disperso ao vento
Do meu santo mundo o ardor vivido...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 11 de abril de 2012


Voluptas

Eros e Psique, cobiças e orgias: amor.
Chamejantes de paixão, sem compreender,
Deuses e glórias, e destino, e prazer,
Na eloquência compulsiva do esplendor.

Espinhos e fragrância, lírios e furor...
Que mais de aparência há de beleza acender,
Mais os desejos fora de invídia o viver
Aos seus oráculos de crepúsculos e dor...

Ira e compaixão, morte e luz: vaidade.
Que mais fora de independência a saudade,
Mais fora de pulsar o coração infinito...

Que tolos de amores se possam abrasar...
Que belas se foram às faces, a se compulsar,
Por um feito de prazer um somente grito.

(Poeta Dolandmay)

Ao coração...

O amor nos compõe quando o queremos sentir.

(Poeta Dolandmay)

Compulsivo

Talvez um dia eu entenda o mundo.
Hoje, eu só quero é ser feliz!

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 30 de março de 2012


O meu pecado

Porque me quis assim, cheio de dor!
Porque me criou estranho no mundo:
Um pássaro com asas de condor,
Um ádvena, um elevado, e profundo!

Porque me quis assim, um moribundo,
Sem que um brilho de esplendor,
Refletisse em mim, sem que fecundo,
Eu pudesse ser um nerval, um primor!

Conjura em mim uma noite orvalhada
Que se cria, e se move, sem alvorada,
Nem picos de luzes brancas e de ilusão...

Vagueio como um cipreste-calvo e frio,
Como um provar de orbe armentio,
Como me quis! Oh Deus da imensidão!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 28 de março de 2012


Na torre da vida...

Toda agonia que sinto no peito, o amor
Consome nas ânsias do meu andado...
Revivo e canto, de saudade choro, a dor
Que sinto das misérias do meu ornado...

Componho os outonos, sem que primor
Fizesse alguém em meu brocado...
Folhas caem, rosas consomem, o ardor
Que perdi nas angústias do meu negado...

E os espinhos sepulcrais da juventude
Estabelecem o tempo, que vive e morre,
No espaço da crueldade e da virtude...

Que sinto, e revivo, e choro por outra era,
Por ambição, o que quis noutra torre,
Os florais que perduram à minha espera...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 23 de março de 2012


A minha prova

Dados os meus dias de orgulho e de sol
Por Aquele que vence o desalento e a dor.
Fez-me um rei com beleza de arrebol,
Fez-me um anjo d’asas brancas e de amor.

Dados em mim os cânticos do rouxinol
Por os arcanjos das noites e do esplendor.
Fizeram-me alto, um bendito, um escol
Entre os mortais de paixão e de primor.

O mau? O que me interessa se no mundo
Todo o amor foi me dado, e se profundo,
Eu vivo por compor um ente idolatrado?

Eis o meu império de orgulho e de raça...
Minha ação, meus sonhos, minha desgraça
Vence-me à vida o Deus do meu curvado!

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 22 de março de 2012


A Flor e o Poeta

Do teu corpo caído fosse à porta,
Do amor que figura o coração perdido.
Do teu corpo fosse o bem sentido,
Da paixão que perdura a rosa morta.

De o teu semblante o versar suporta,
Em palavras belas o ardor vencido...
Do teu jardim não fora esquecido,
O perfume doce que em mim conforta.

E sepulcros contam a nossa história...
Que ao renascer, traduzem em memória:
Almas benditas e de sonhos infinitos...

Que de esperança o nosso amor fereza!
Que dos caminhos, somos a leveza,
Que das ardências nos já somos mitos...

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 15 de março de 2012


Atribulados

Avejões de luz, anjos de glórias e poder,
Seres impudicos de cabal convento
E herbáceas penitentes, fulguram o jazer
Na inconstância lúbrica dum só lamento.

Fulgores conspirados de vital momento...
Acendem-se em temores do sepulcro dever
Enternecido a morte. E traçam sentimento,
Do místico do claustro o inefável viver...

Cancelam apatia. Enganosos de esplendor
E de dosares complexos. Comungam em vão
Revelando em discórdia agonia e amor.

Cantam o fogo, luzes que quebram a aura;
E santificam o crepúsculo, de ardor e aflição
Nas pétalas impuras da fulgente gaura.

(Poeta Dolandmay)

De distúrbios...

Às vezes, temos que alimentar a alma
para que o bem nos impere.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 13 de março de 2012


Obsesso

Há no meu amor um desejo e uma lenda,
Que são de ‘spasmos fiéis e de conflito,
Que são de paixões e de oferenda;
Que me tornam na vida um ser bendito.

Há na minh’alma um fulgor e uma emenda,
Que são por um conforto de infinito,
Que são de louvores à minha contenda;
Que são por todo plano o meu grito.

Espíritos me rondam os espaços mais cruéis,
Por vaidades que bendizem verdadeiros;
Por razões me confundir de amor e sonho.

No meu amor, se passam como fortes leis
A provar, de mim, recantos altaneiros;
Que por Deus, é o forte amor qu’eu disponho.

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 9 de março de 2012


Bem-aventurado

Abençoado é aquele que de esperança sonha,
Que de julgo é julgado por amor e honra;
Que encontra na fé, a vida; que vive e inconha,
O calor do imenso sol; que a noite, desonra.

Abençoado é aquele que de quietude prega,
Que de alento absoluto ao coração disponha;
Que de mágoas, não devolve mágoas; que cega,
Do fruto execrável o teu sentir à peçonha...

Abençoado é aquele que das águas se banha,
Que das flores, aos jardins se veste em perfume;
Que ensinaste aos humildes tua sã coragem...

Abençoado é aquele que dentre as montanhas,
Dos seus ideais, de bondade reflete o lume,
E que de existência se cria a Deus sua imagem...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 7 de março de 2012


Amor, paixão e dor

O amor nos é livre,
mas de paixão nos prende.
O amor é único,
mas em cada sentimento;
é um sentimento.

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012


Orgias

Entre a virgem santa e o pecador,
A paixão se revela dentre as orgias.
O amor se confunde ao seu fulgor;
Por lua ardência, enganos e magias...

De amores vis, de sentinelas frias,
Que inverdades retratam em primor,
Em inconstância, e, sem que pudor;
De afeições se vivem à luz dos dias...

Pulsantes órgãos: perverso e puro,
De enlear sentimento eterno e breve;
A se curvar convulsas leis benditas...

Que de amor, o sol se veste impuro,
Chamas ruem calor instante e leve;
E almas choram... ardências infinitas...

(Poeta Dolandmay)

sábado, 18 de fevereiro de 2012


Voz, amor e cobiça

Quando falamos de coração,
A voz se torna eterna...
O tempo passa...
Mas o amor não morre!
Que à cobiça fossem de amor,
E nada de dor sentiriam...

(Poeta Dolandmay)