segunda-feira, 29 de novembro de 2010


PRECE À SOLIDÃO

Solidão, que nos cega os sentidos,
Vem como uma lua negra e morta
Aos ventos murmurando à porta
Dos ouvidos plácidos deprimidos.

E, nos sussurros tenros atrevidos,
Que os são das trevas que nos corta
Guarda os dias brancos e suporta
Os lamentos aos tempos perdidos.

Solidão, que há séculos é virtude,
Que ao coração nos prega e acalma
A vida em ambição à juventude...

Vêm aos ventos e retorna à palma
Para que a noite não padeça e mude
Nas fortalezas do sentir... da alma.

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010


UM ALGUÉM E UM POETA

Ora, Poeta, por que hás de escrever
os sentimentos d’um coração?
Todos nós somos iguais, os dias são iguais.
Há dentro de ti uma vida, um coração igual.
A paixão? Ah, não importa a cor!
Todos os sentimentos são de amor!

Não te invoques o além...
Eu não quero imaginar mais nada.
Eu não quero mais sorrir do nada.
Eu só quero entender a vida,
porque haverá de ser cumprida
dentre os meus dias também...

Não me conte os teus segredos
porque eu não quero mais saber.
Conta-me apenas de seus medos
porque eu já temo você...
Não mais queiras de mim o esplendor
sendo que eu já sou todo o seu fulgor
em seus dias de solidão!

Oh, trovador, o que hás de ser do meu alguém?
Dos meus sonhos? Da minha esperança?
Queiras em razão me compreender
Sob a sua infinita aliança...
Por que haverá de nos céus o seu viver
ser os cumprimentos dos murmúrios teus?

“Porque na vida todos têm
dentre os cantos que convém
o Amor, sobre os infinitos olhos de Deus!”

(Poeta Dolandmay)
DO POEMA

“O poema para ser um, bom poema, é assim:
Quando não se define, mas se traduz!”

(Poeta Dolandmay)

sábado, 20 de novembro de 2010


CLAMOR

Peço-te perdão do que sou.
Peço-te perdão do que me acham.
Nunca fui de mal algum.
Nunca fui o que me quiseram.
O que vivo é amor.
O que eu não tenho é a vida.
O que escrevo é o meu temor,
a minha pobre solidão.
Eu sei que tenho muitos amores,
mas me falta muito ainda.
Em seu jardim há muitas flores,
mas no meu há um vazio
que eu tanto busco completar.
Não me tente compreender
porque nesse mundo eu não estou,
apenas ando a vaguear
por completar o que eu não fui...

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 16 de novembro de 2010


ESPERANÇA

“Nunca deixe de sonhar...
Porque o sonhar, é viver!
Nunca deixe de amar...
Porque o amor, é a essência da vida!”

(Poeta Dolandmay)

domingo, 14 de novembro de 2010


ARBÍTRIO

Não mais assim o serei como sou pranto,
Ufo anjo celeste, que me amargura
Na noite escura e cabal que anseia tanto
As densas e miseráveis vozes que te jura.

Não mais serei como o linho de seu manto.
E nas insígnias aflições que me insegura,
Como o indescritível mendigo de acalanto
No altaneiro vento de sua voz obscura.

Como um tapeador a rogar benção branda
No peito que traz o tormento e canta
Na infeliz espera de me roubar o amor,

Serei um estranho, assim, como me é luz
Na revelação do opúsculo real que conduz
Desde o princípio de o seu esplendor.

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010


VOZ...

Não mais serei eu,
Totalmente eu.
Cada dia é um dia
E, eu, dias reversos.
Tudo me é antes
Hoje, tudo é depois.
E tudo é distante
Na alma de nós dois.
No astro de fogo,
Tudo é além de mim.
O que sou vagueia
No universo mudo
Das palavras frias
Que me quer falar:

Alarga meus versos,
Pois que sou reverso
Se eu não sou amar!

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010


PÁTHOS

A luz do sol me queima a pele,
a lua não mais clareia as minhas noites,
não mais vejo a alvorada
sobre o imenso azul das águas santas.

As canções que soam aos meus ouvidos
são das noites mortas,
e as estrelas já me são extintas
sob a idolatria infinita que não me renova.

Que não me pudera
ao meio da imensidão gelada
onde há da minha alma o descanso,
ao despertar da esperança,
o amor, em suas falsas e pobres ambições,
no silêncio que me guarda, prosperar.

(Poeta Dolandmay)