quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012


Orgias

Entre a virgem santa e o pecador,
A paixão se revela dentre as orgias.
O amor se confunde ao seu fulgor;
Por lua ardência, enganos e magias...

De amores vis, de sentinelas frias,
Que inverdades retratam em primor,
Em inconstância, e, sem que pudor;
De afeições se vivem à luz dos dias...

Pulsantes órgãos: perverso e puro,
De enlear sentimento eterno e breve;
A se curvar convulsas leis benditas...

Que de amor, o sol se veste impuro,
Chamas ruem calor instante e leve;
E almas choram... ardências infinitas...

(Poeta Dolandmay)

sábado, 18 de fevereiro de 2012


Voz, amor e cobiça

Quando falamos de coração,
A voz se torna eterna...
O tempo passa...
Mas o amor não morre!
Que à cobiça fossem de amor,
E nada de dor sentiriam...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


Escopo

Não é saber, nem é alvo; é lição e destino...
Nasces e cresces, em distintos intentos,
A cumprir, a amar, em alegres momentos,
Cada dia em que viver o teu provar ensino.

Dominado ou livre, sem vis sentimentos;
Andarás fulgurando em humilde ferino,
A prover, em encantos, o teu sol matutino,
No amor e no provir d’um só convento...

Sem tombar ao cordel de tua larga estrada,
Na tua voz conspirada e, esplandecida, —
Que rogarás de afeto tua mordaz morada;

E, no alfabeto impugno do teu sã’ conforto,
Na tua veste sagrada e, enternecida, —
Que entregarás aos céus teu fadário morto.

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Foto/arte: Evaporare da lacrime di gomma (Daniele Manfredini)


Narrativa

Para cada prova um pagamento,
Para cada agonia um desejo,
Para cada voar um movimento,
Para cada ternura um beijo...

Para cada sabor um sentimento,
Para cada dia um ensejo,
Para cada corpo um almejo,
Para cada acaso um argumento...

Para cada fragrância um amor,
Para cada descaso uma dor,
E para cada alma, um infinito...

Para cada consorte uma ardentia,
Para cada paixão um novo dia,
E para cada expressão, um só mito.

(Poeta Dolandmay)

sábado, 11 de fevereiro de 2012


Isolado

Eu estava em um lugar onde apenas os pássaros cantavam...
Onde o ocaso se fazia melodia com os sussurros dos ventos,
E o meu coração trovejava no vigor da noite sem nuvens...

Eu estava em um lugar onde à luz me queimavam os olhos...
Onde os bálsamos peculiares e as flores mortas me rendiam,
E a terra quente e seca me queimava os pés sob a aparência...

Eu estava em um lugar onde nada de amor imperava a alma...
Onde a paixão não se manifestava em âmagos propícios,
E os desejos não se entrelaçavam ao corpo e ao sangue frio...

Eu estava em um lugar onde cobras e ratos se pertenciam...
Onde de alimentos faziam das trevas as suas principais vozes,
E os seus murmúrios surdiam os tímpanos invioláveis e vis...

Eu estava em um lugar onde de ossos e couro me via o corpo...
Onde de expressão não me entendiam aos versos de sanidade,
E os céus me eram distantes, mas de sabedoria me enaltecia...

Eu estava em um lugar onde apenas de mim se alimentava...
Onde de absoluta a minha fé se exigia aos fictos desnudar,
Onde me fiz santo às promessas, e o sol me reinou a esperança...

(Poeta Dolandmay)


“In Insultos”

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


Dest’arte

Sou aquele que desperta as almas escuras:
Enigmas da noite, por todo esplendor...
Em que vagam, por abstinências e dor,
Dos meus olhos fechados são murmuras...

E os elevo, à grandeza de vossas alvuras...
— Ó vultos transparentes de visão ardor —
De minh’alma cansada, e de vos pecador,
Que os mortais não nos vejam amarguras!

E na profundeza vã das miragens, aberta,
A porta dos espíritos vãos, que desperta,
Que nos revele o dest’arte do amor-pagão...

E na noite, pálida, a‘lma branca que vaga,
Sob o imenso olimpo de fogo, agonia apaga,
E os vês, dias de glórias sob vossa ilusão...

(Poeta Dolandmay)