quarta-feira, 30 de junho de 2010


DIÁLOGO DA MEIA-NOITE

Ah, triste alma, à que veio?
Escritos estavam os seus dias
no livro divino dos céus.
Alheio, atentas o teu destino
no que te julga soberano;
na tua calma estranha,
e de conflito, e de engano.

Ao redor do que me clareia,
me ofuscas, e me consomes
quais as tais de suas leis
que não pregam as suas mãos,
que não são de suas bênçãos;
pois recriais os mandamentos
perante a sua eternidade.

Não serei igual a ti, oh turvo,
quais as tuas entranhas;
porque o meu cajado é sólido
sob as suas confusas tentações.
O meu caminho é o da verdade,
e a minha alma é pura.
Mórbido, são os teus dentes.

Não andarei pelo caminho
das tuas doutrinas, e não me
apegarei as tuas falsidades;
porque eu sou daquele
que não perece,
daquele que é de afeto, e de luz,
e o servirei eternamente;
porque Nele eu tenho prazer!

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 24 de junho de 2010


CORPO-PERFEITO

Nada é tão amado
Quanto o coração.
O amor nele guardado
Ninguém leva não...

Puro objeto de amor
Que nem cara tem.
Não finge sentir dor
Nem mágoas também...

Se qual apaixonado
Tão lindo é no mundo.
Se tal amargurado
Sente tão profundo...

Nada deixa morrer
O que é de tão fulgor.
Tão logo faz vencer
O que é de esplendor...

Nada é de pecado
Neste cerne nada é vão.
Oh ser abençoado
É este tal de coração!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 23 de junho de 2010


CÂNTICO DE ESPERANÇA

Dança, minha bela... É a tua canção...
Mostra teu bailar; é o cântico de seu amor!
Com teu sapatear, ao pulsar teu coração,
Bailas com teus passos de esplendor...

Dança, minha bela... A aquarela da paixão...
Foi composta à estrela, intensa de fulgor!
A letra já é tua, foi escrita à minha mão,
As luzes são da lua, não afeta o seu pudor...

Olha à tua frente... O mundo que te espera,
Seca suas lágrimas, acorda os teus sonhos...
Dança, menininha... Vejas como é amada...

Vejas lá ao fundo... O chegar da primavera,
És a minha alma! Seus dias são risonhos,
Tua luz é tão bendita; é o canto da alvorada...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 18 de junho de 2010


À MINHA METADE

Enquanto eu viver de calor
no meu demente coração,
ser-te-ei de a luz mais clara
dos astros quentes dos céus.

Enquanto me for de primor
a minha atrevida paixão,
ser-te-ei do tempo que rogas
na luz clara da verdade.

Enquanto for plena em mim
toda a ambição perfeita,
aos teus olhos humanos,
ser-te-ei da densa claridade.

E quando, oh minha querida,
sob a terra fria da vida
o meu corpo vier a dormir,
ser-te-ei de intenso fulgor.

Pois de mim já és toda a luz,
toda a divindade em luz
que hás ao imenso esplendor.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 15 de junho de 2010


VERSOS DE TORTURA

Sou de ti, oh minha bela, a sua saudade,
As lembranças de seus momentos de amor,
Sou o teu rastro de tristeza e vaidade
Que estendes em versos; lágrimas de dor...

Não! Não quiseras ser assim, o seu langor.
Na vida, oh meu bem, sou-te lealdade;
O teu sentir puro! Eu sou a tua verdade
No imenso afeto de seu peito; o esplendor!

Ah! Amor, sou todo o seu querer, ardente;
O seu tremor! No pensar infinito da vida
Eu sou a tua forma de amar simplesmente!

Mas também de sua tristeza, eu sou pudor!
Tão igual como as suas lágrimas, querida,
Pois que vivo exatamente, do mesmo amor!

(Poeta Dolandmay)

ANGÚSTIA

Oh alma fúnebre que me pertence, donde estou?
Tudo me passa, o mundo me passa, e não vejo!
Pois que nada me toca o corpo, um vão desejo;
Calor escuro, suor gelado, não define o que sou!

A vida que contempla o destino em mim deixou,
Uma imensidão suntuosa. Ouvira o meu pejo
Na transparência infindável de um idôneo beijo,
Numa perpétua cobiça de regalos, e se findou!

Num branco desejável de luz plena e ternuras
Clareia-me a lua, em meio às nuvens escuras,
No neurótico e perpétuo tempo, que me conduz!

Diga-me! Oh criatura, que me faz de ti saudade,
Donde estou? Oh, clamo-te! Em sua lealdade:
Faz de a tua voz a verdade rígida que me traduz!

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 10 de junho de 2010


PRECE

Oh criatura luzente de afetos frêmitos,
De intensos prazeres, de doutrina leve,
Que na epístola mordica se descreve;
E que se desfaz, e se lança ao infinito...

Criatura de imensa voz, e de um mito;
Do irreal dos louvores, único e breve,
E das palavras, que sombria se escreve
O amor, desleal de solidão, e maldito...

Oh ser que de paixão fremida se renova,
Que se arremessa, e que se prova
Na imortal combustão de suas dores...

De o seu ventre alimenta-me em calor,
Traz-me o seu fruto, imune de dor;
O de igual coração, o de seus amores!

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 8 de junho de 2010


PERDÃO

Sou de teu sorriso o amor de um dia,
Passeei aos belos sentimentos que têm
E sob a tua graça fui a sua alegria,
E fui de teu corpo o fascínio também.

Sou somente agora de sua voz melodia,
Somente a letra d’um forte desdém
Que ao teu peito roga encanto e magia
Ao canto de dor de sua boca, meu bem...

Despreza de mim a angústia passada,
Oh minha querida e altiva amada,
Quero ser-te outra vez um prazer real...

Oh dá-me de volta a tu’alma plangente,
A sua alegria de amar simplesmente,
Perdoa-me querida se hoje sou teu mal!

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 3 de junho de 2010


Como o próprio sol
(Noite morta)

Quando o dia se cai; triste
Uma noite que não passa
Vagueia no que me existe;
Na solidão que me abraça.

Tanto me queixa o lamento:
Porque não se deixa feliz?
A voz oculta o pensamento,
Na alma não roga, e diz:

Odor de flor pelo caminho,
Estrada que não pode amar.
Mas não se deixe sozinho,
Não faz à tristeza lembrar.

Distancia-se do passado
Aos pés de quem tem amor.
O mais alto que é amado,
Que é paixão, que é pudor;

Rei dos dias e das noites
Que está além do que sente;
É alma-santa de afoites
E de amor simplesmente.

Acorda o dia, e vem aurora;
À frente da alma é o além,
Detrás, é o que te devora
E luz que se apaga também!

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 1 de junho de 2010


IRONIA

O que de ti, é em mim tão belo, amor,
Se a nada me convence o seu coração?
O vil sentimento que me oculta a dor
Não a vês, irônica, sob a minha paixão!

Estendo os meus versos, a seu clamor;
O canto de ira, de um imenso vulcão.
E um grito afinado balbucia o condor:
Voz de mim, que dos astros vêm e vão...

Além da lua alva busquei te esquecer,
E, nos mistérios, o teu amor entender...
Mas só o cicio de tua voz, compreendi!

Murmúrio demência, a sua paixão leve,
Pois o irônico poema que te descreve
Não é em mim tão belo! Como é em ti!

(Poeta- Dolandmay)