quarta-feira, 26 de maio de 2010


MÁGOAS

Não! Eu não tenho mágoas dela,
Ela foi pra mim todo o meu sonho...
E, todo o amor que eu disponho,
Todo o meu encanto foi por ela...

Eu não vou julgá-la! Olhe à janela,
A de amarguras, eu lhe proponho.
Não vês? Aquele olhar tristonho...
Que pontaria confuso, sacudidela!

Eu já sou de o teu peito a agonia...
O encanto desconexo, a fantasia,
Daquela que era de mim, o infinito!

Não a tenho mágoas! Sim saudades,
É o que eu sinto por as lealdades,
Do amor! O qual lhe foi o meu grito!

(Poeta Dolandmay)

FUNESTO

E o dia estava claro
Como o Oiro celeste.
Não havia nuvens
Sobre o azul imenso,
Havia notas belas
Que entoavam os anjos
Sob o infinito alvo,
Que fiel se reveste.

E, antes, escuro ficou
Quando literal revelou,
Que à vida, eu vieste.

(Poeta- Dolandmay)

sexta-feira, 21 de maio de 2010


A PROPÓSITO

Seja em ti o seu próprio amor:
tu és de criação da divindade.
Ama-te, antes, ao esplendor,
pois, amado serás à eternidade.
Cuidas de ti igual ao outro,
para que seja disposto o que têm.
Aliviados serão os teus dias,
ao amar-te, lhe virão às alegrias,
para que sejam amadas também.

(Poeta- Dolandmay)

segunda-feira, 17 de maio de 2010


SENTIMENTO OCULTO

Tão oculta anda a minha cabeça
Não sou alegria, e nem sou tristeza.
Deverá Deus ter me esquecido
Neste tempo sem me clarear a lua,
Nestas noites, que não perpetua,
Em redor de mim o amor antigo?

Não tenho a sentir qualquer sabor
Ou qualquer frio, ou qualquer calor.
Será eu um funesto esfaimado
Pelo dom da vida, que me é de amar,
Que ao coração têm-me a perdurar,
E assim, nem sou um amargurado?

Ah, quem me dera saber o segredo,
Do tudo e nada, a ocultar o medo,
Sem fazer a mim qualquer pecado!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 12 de maio de 2010



LAMENTAÇÃO

Encheste-me de amor, tão puro, e delicado.
E num instante me deixaste, por esquecer,
Triste nas correntes mortas d’um regado,
O que a pouco, num fato, puseste se perder.

Vieste-me a sussurrar num real amargurado
Os anseios que guardaste, por não perecer,
Sob as lembranças dum coração inveterado,
A paixão, que de mim, põe-se a enlouquecer.

E, nestes lamentos que te oculta à verdade,
Dispõe a não perder a porção do meu peito
Que já adormece! Oh Amor, na tua saudade.

Pois, com os pés ao alto do que me encanto,
Não mais sou de tua cobiça o ser perfeito:
Eu sou o que és de mim, teu mesmo pranto!

(Poeta- Dolandmay)

sábado, 8 de maio de 2010


VAGO

Tenho a viola e uma rosa,
E o coração entreaberto.
Falta-me a letra pra cantar,
Sou um imenso deserto.

Só me basta uma prosa
Fugidia da boca de alguém,
E me basta que saiba amar
E que saiba tocar também.

Procuro um cerne perfeito
Que seja louco de amor,
Que não tenha muito desejo
Nem que seja o esplendor.

Mas que tenha no peito
As perfeições de um viver
Para que no canto da viola
A paixão não lhe envolver.

E quando eu lhe der a rosa
Possa se lembrar de mim
Na voz que lhe consola,
No deserto do meu jardim.

(Poeta- Dolandmay)

sexta-feira, 7 de maio de 2010


AVAREZA

Passado os dias de engano,
Imensas cobiças sem causa,
Dilúvio alto, e soberano,
E nostálgico, e sem pausa.

Este as lágrimas da face fria,
Refúgio do desejo morto,
Esperança extinta, e alegria,
Reatada em falso conforto.

E a lua das noites sem cor
Não mais beija a alvorada,
O oiro não brilha o amor,
É branco, e de paz desejada.

Penduram as regras certas
No núcleo de falsa verdade,
Findam as ambições incertas
A não se impor à vaidade.

A não se aplicar aos relógios
As horas por passar o tempo,
E por os fúteis necrológios
No finito do mesmo tempo.

(Poeta Dolandmay)


DE PASSARELA

Sabe ela com seu andar...
Serei luz, ou serei nada...
No teu imenso recreio!

(Poeta- Dolandmay)

sábado, 1 de maio de 2010

LUXÚRIA

Se tu soubesses o que sinto no peito...
Se tu soubesses do meu imenso amor
Não mais sentiria de mim tanta dor,
Não verias em mim um amor desfeito...

Sentirias por mim o coração satisfeito
Que já a tanto é por o teu esplendor,
Que já a tanto almeja de ti o frescor,
Porque tu és de mim o Amor-Perfeito!

Eu ambiciono de ti toda a grandeza...
E o caminhar de dor, essa tristeza,
Põe-se dosada de afeto dentro d’alma.

E não ouvirias de mim o falar da noite,
Se em ti soubesses, do meu afoite,
Já que és a minha vida, a minha alma!

(Poeta- Dolandmay)


A CANÇÃO

Qual me era a canção que tu cantavas?
A qual me deste amor, tantos carinhos...
Parecia-me que não era entre os espinhos,
Parecia-me que te amar não esperavas...

Qual a melodia que a ti não machucavas,
E que me era o conforto dos teus ninhos?...
Se me fosse qual o canto dos passarinhos,
Assim sei que ao coração tu não amavas...

Mas fosse que de mim um belo canto
Entoou-se por a tua alma, e por o espanto,
De o teu sangue os males dos pecados...

E a canção que te canto, alegre e branca,
Não me é como a de ti, que me espanta,
Não me é como as dos Sóis amargurados!

(Poeta- Dolandmay)