sexta-feira, 30 de dezembro de 2011


Reverso...
(O Poeta e a Glória)


Se que eu for demais. Ao mundo,
Em que eu murmuro e canto,
Se que for de voz altiva, e profundo,
D’alma leve em que me acalanto,

Dir-se-eis: e vencido o verso meu!
— Outrora ouvir que não fosse nada,
Um bendito, de luz que se apaga,
Um anjo, sem se quer voar morreu.

E que, de humana voz que canta,
Que endoidece e que encanta...
— E nada; se for de orgulho e riso,

Pois, que tudo é tão igual a tudo,
E nasce, e ama, e à terra fica mudo,
E a Deus repousa ao mesmo juízo!

(Poeta Dolandmay)

sábado, 17 de dezembro de 2011


Ao esplêndido

“O poema se lê com a alma;
e nela nada se deixa de entender!”

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011


À Dama d’Elite

Dantes eu pregado aos teus desejos,
Exaltado ao teu odor, eu murmurava
Por cobiça ao vigor d’os teus pejos,
E o meu amor de paixão s’edificava...

Que, hoje me abrigo aos teus ensejos,
De fim aos anseios, que desventurava,
Dos tormentos que ainda eu protejo,
Dos teus aromas que me enfeitiçava...

E por minha tortura de infinito amor
Inda rogo aos céus: que a ti proteja,
Para toda a infindável paz-imaculada;

Que nos enfeitam ao mesmo esplendor
Por séculos e, por séculos alegre seja
A tua infinita fragrância-deslumbrada!

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


A um Poeta

E vozes interagem o que escrevo!
Na minh’ alma o silêncio corta,
Dizendo o que sou e o que devo,
Dos meus olhos já de água morta!

Sussurros estranhos igual ao meu?
Deuses choram versos mortos...
Não sou de brado igual ao teu!
Só canto as mágoas que conforto!

Nuvens, Poeta, cobrem o meu dia!
O sol de esperança, me é fantasia
Como as preces que clareia e sente...

Os meus segredos, eu te desvendo:
Penso o que pensas d’ alma lendo
O que sou à boca já de toda a gente!

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


Quando da minha luz

O dia estava triste! O céu estava escuro,
Vozes vagavam aflitas ao vento,
Na imensidão do meu sarcástico convento;
— A agonia que ao meu peito perduro!

A chuva que caía era fina, o cântico impuro,
E o meu espírito tenebroso e lento,
Dentre a minh’alma de aflição e desalento
Orava aos céus o fulgor que me conjuro:

— Cânticos incrédulos sem amor e graça,
Que nem de ardor e de esperança a prender
Amenizam os dias de dor e desgraça!

Almas rezavam por alegria que impressiona,
Que de tristeza vagueia a perecer: —
“Deixa-o à luz, no mesmo amor que a toma!”

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011


D’um amor edênico
(O tremor primeiro)

Nada me foste tão breve e inconstante,
Vago e triste... Apenas um momento
De incerteza ao meu ignóbil julgamento,
Ao meu miserável coração amante...

Nada me foste de tão pouco instante,
Trêmulo e hábil, de mutável pensamento,
De inconstâncias precárias e tormento
Ao meu sobrevir de aclamação prestante...

Triunfo extremado, de amor e de orgia,
Paixão e desejo; afrodisíacos odores
Que me inibem, que endoidece e fantasia

O firmamento, do meu corpo honrado,
Notável e humano! E de seus amores,
Nada me foste de melancolias e pecado!

(Poeta Dolandmay)