sábado, 28 de julho de 2012



Tresloucado

Eu sou a-quém vive o amor cantando,
Um pássaro a voejar por céu-além...
Um desdenhado ao tempo sonhando
Por se encontrar no que não me têm...

Os segredos dum vultoso sol-harém...
Sou um vagante, aos poucos buscando
Os de afeição, e sem ser ninguém,
D’outra existência vou desvairando...

Que lua, que fulgor intenso d’estrelas
Acalentará meus céus, por eu de vê-las
No independente mundo em que sou?!

Solidão oculta! Paixão tanta! Perdido,
— Eu sou dos céus um condor ferido
Por um amor que nunca se encontrou...

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 24 de julho de 2012



O firmado

Que vejam as sombras dos mistérios...
O meu corpo firme ao truncado,
À árvore do destino... Magistérios!
— Folhagem que poupara meu pecado...

Que vejam ondas espumadas... — O ateu,
Que se banha de fortuna, que falece,
Quê aos mares, resoluto, de apogeu,
Repousa o firmado indulto duma prece!

Crepúsculos d’ouro, à terra de fulgor...
Que vejam entre as montanhas o porvir
Dum incrédulo nefário de acalanto...

Que vejam novas graças de esplendor,
Duma face celeste e dum sorrir...
— A mesma cruz em que deliro e canto!

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 6 de julho de 2012



Meu calvário

Dias me completam, em fulgente deserto!
Brilhante! Quem mais poderia dizer
Se não a voz tua? Oh, alma do meu viver...
Pôs-se o seu manto ao meu corpo incerto.

Que tristeza? Que mágoas? Amor liberto...
Pôs-se ao meu caminho percorrer...
O fulgor da noite, a lua, o mar aberto...
— Que vinde me buscai o desabitado ser!

O qual se impõe, num iluminar, sem luz...
Que vês sob os vitrais da divina cruz,
O seu corpo de sangue numa terra fugaz!

Pois sou aquele que de amor descontente,
Eleva-o a voz, à voz de toda a gente,
No contrário fulgor do meu ermo de paz!

(Poeta Dolandmay)



Exoro

(...)

No contente amor do seu manto de paz,
Vê-te, meu ermo, a paz;
Para que, vejam aos vitrais o teu manto,
O qual no calvário, não vê amor descontente.

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 5 de julho de 2012



Sob o deserto escuro

Os ventos murmuram convulsos
Sob o tempo que não há tempo...
E a procura do amor na escuridão,
Os espíritos suplicam suas asas...

E eu ouço os murmúrios...
E eu vejo o céu dos anjos...

Almas vagueiam sem intento
Sob a terra dos benditos...
E os lobos espreitam seus alentos
Sob o firmamento dos pecados...

E eu ouço os murmúrios...
E eu vejo o céu dos anjos...

O meu corpo se firma à tempestade,
E olhos acesos me seguem
Dentre os sepulcros dos caminhos...

E eu ouço os murmúrios...
E eu vejo o céu dos anjos...

A luz é como o ouro no calvário.
O crepúsculo se rende a claridade,
E os ventos emudecem ao amor...

E eu ouço os murmúrios...
E eu vejo o céu dos anjos...

Porque aos meus pés há fogo árduo
Sob o tempo que não há tempo...
Porque detrás de mim há escuridão,
E à minha frente há esplendor...

(Poeta Dolandmay)


No sepulcro da estrada...

(...)

Asas se multiplicam aos que sonham...
O amor cantiga a sua calma...
Juramentos elevam-se dentro d’alma...
E a esperança se devolve o nome...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 4 de julho de 2012



Antes do próximo dia

Ofusco arrebol que me abraça
para uma nova noite em que feliz
me vago na melancolia do sol,
perca-me, antes do próximo dia.

Que os teus sonhos sejam eternos
dentre a alegria que te encontro,
e que neles, o meu amor perdure
ao renascer, antes do próximo dia.

Que das trevas que te pertence
possa enternecer o teu conforto
na distante luz do meu viver...

E que nela, o meu amor perdure
ao renascer, antes do próximo dia.

E que nela, o meu amor perdure
ao renascer, antes do próximo dia.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 3 de julho de 2012



Ateísmo

Poder - e - honra: imenso mal que suplica,
Enfurecido ao orgulho e a falsidade...
Soberba demência que se cria em maldade,
Aos gritos duma crença convicta...

Donde vens? De quais trunfos? Mar distante...
Águas baldadas em sal perverso...
Que de horas breves, implora o reverso;
Que de sede faz matar o sol dum instante...

“Dar-me o domínio, oh, ser de glórias!
Que de vossa empáfia se rompeu os montes...
Que bendito sois vós de vossas histórias!

Um sopro complexo, de sua imensa altivez...
Dar-me a visão do ouro e das fontes,
Do brasão que enriquece a noite em que vês!”

(Poeta Dolandmay)


Altanaria

“Que orgulho tem o Mau?
Dos males de orgulhos;
Maldades que gritamos ao bem maior!”

(Poeta Dolandmay)