sexta-feira, 30 de março de 2012


O meu pecado

Porque me quis assim, cheio de dor!
Porque me criou estranho no mundo:
Um pássaro com asas de condor,
Um ádvena, um elevado, e profundo!

Porque me quis assim, um moribundo,
Sem que um brilho de esplendor,
Refletisse em mim, sem que fecundo,
Eu pudesse ser um nerval, um primor!

Conjura em mim uma noite orvalhada
Que se cria, e se move, sem alvorada,
Nem picos de luzes brancas e de ilusão...

Vagueio como um cipreste-calvo e frio,
Como um provar de orbe armentio,
Como me quis! Oh Deus da imensidão!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 28 de março de 2012


Na torre da vida...

Toda agonia que sinto no peito, o amor
Consome nas ânsias do meu andado...
Revivo e canto, de saudade choro, a dor
Que sinto das misérias do meu ornado...

Componho os outonos, sem que primor
Fizesse alguém em meu brocado...
Folhas caem, rosas consomem, o ardor
Que perdi nas angústias do meu negado...

E os espinhos sepulcrais da juventude
Estabelecem o tempo, que vive e morre,
No espaço da crueldade e da virtude...

Que sinto, e revivo, e choro por outra era,
Por ambição, o que quis noutra torre,
Os florais que perduram à minha espera...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 23 de março de 2012


A minha prova

Dados os meus dias de orgulho e de sol
Por Aquele que vence o desalento e a dor.
Fez-me um rei com beleza de arrebol,
Fez-me um anjo d’asas brancas e de amor.

Dados em mim os cânticos do rouxinol
Por os arcanjos das noites e do esplendor.
Fizeram-me alto, um bendito, um escol
Entre os mortais de paixão e de primor.

O mau? O que me interessa se no mundo
Todo o amor foi me dado, e se profundo,
Eu vivo por compor um ente idolatrado?

Eis o meu império de orgulho e de raça...
Minha ação, meus sonhos, minha desgraça
Vence-me à vida o Deus do meu curvado!

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 22 de março de 2012


A Flor e o Poeta

Do teu corpo caído fosse à porta,
Do amor que figura o coração perdido.
Do teu corpo fosse o bem sentido,
Da paixão que perdura a rosa morta.

De o teu semblante o versar suporta,
Em palavras belas o ardor vencido...
Do teu jardim não fora esquecido,
O perfume doce que em mim conforta.

E sepulcros contam a nossa história...
Que ao renascer, traduzem em memória:
Almas benditas e de sonhos infinitos...

Que de esperança o nosso amor fereza!
Que dos caminhos, somos a leveza,
Que das ardências nos já somos mitos...

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 15 de março de 2012


Atribulados

Avejões de luz, anjos de glórias e poder,
Seres impudicos de cabal convento
E herbáceas penitentes, fulguram o jazer
Na inconstância lúbrica dum só lamento.

Fulgores conspirados de vital momento...
Acendem-se em temores do sepulcro dever
Enternecido a morte. E traçam sentimento,
Do místico do claustro o inefável viver...

Cancelam apatia. Enganosos de esplendor
E de dosares complexos. Comungam em vão
Revelando em discórdia agonia e amor.

Cantam o fogo, luzes que quebram a aura;
E santificam o crepúsculo, de ardor e aflição
Nas pétalas impuras da fulgente gaura.

(Poeta Dolandmay)

De distúrbios...

Às vezes, temos que alimentar a alma
para que o bem nos impere.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 13 de março de 2012


Obsesso

Há no meu amor um desejo e uma lenda,
Que são de ‘spasmos fiéis e de conflito,
Que são de paixões e de oferenda;
Que me tornam na vida um ser bendito.

Há na minh’alma um fulgor e uma emenda,
Que são por um conforto de infinito,
Que são de louvores à minha contenda;
Que são por todo plano o meu grito.

Espíritos me rondam os espaços mais cruéis,
Por vaidades que bendizem verdadeiros;
Por razões me confundir de amor e sonho.

No meu amor, se passam como fortes leis
A provar, de mim, recantos altaneiros;
Que por Deus, é o forte amor qu’eu disponho.

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 9 de março de 2012


Bem-aventurado

Abençoado é aquele que de esperança sonha,
Que de julgo é julgado por amor e honra;
Que encontra na fé, a vida; que vive e inconha,
O calor do imenso sol; que a noite, desonra.

Abençoado é aquele que de quietude prega,
Que de alento absoluto ao coração disponha;
Que de mágoas, não devolve mágoas; que cega,
Do fruto execrável o teu sentir à peçonha...

Abençoado é aquele que das águas se banha,
Que das flores, aos jardins se veste em perfume;
Que ensinaste aos humildes tua sã coragem...

Abençoado é aquele que dentre as montanhas,
Dos seus ideais, de bondade reflete o lume,
E que de existência se cria a Deus sua imagem...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 7 de março de 2012


Amor, paixão e dor

O amor nos é livre,
mas de paixão nos prende.
O amor é único,
mas em cada sentimento;
é um sentimento.

(Poeta Dolandmay)