sexta-feira, 27 de janeiro de 2012


Insultos

Que nada for de estranho, sente.
Mesmo em mim nunca viram nada!
Amor complexo ao coração apaga!
Que rosas perfumam toda a gente...

Que tudo a minh’alma é indiferente.
Que sou um ádvena numa estrada...
Que sou duma paixão crucificada,
Aos olhos dos Altivos, independente.

Nada me importa se cobras ou ratos,
Se comedores de almas ou sonhos,
Nada me importa se só eu me vejo...

Sou como me sentem aos regatos,
Um fruto sob as almas dos inconhos,
E dos amantes de flor, um só desejo...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


Os sete Arcanjos
(Revelação)

Arcanjos de bálsamos celestiais,
Misturam-se aos meus versos, lentos,
No ocaso dos meus desalentos,
Nas constantes vozes dos meus ais...

Vêm a mim em delações reais,
Em olor de pejos aos meus rebentos...
Erguem-se aos ares dos meus intentos,
Como cupidos de rosas de anais...

Arcanjos de bálsamos dos meus dias,
Dos incensos das noites frias,
Revelam-me a ira do Deus do jardim!

Momento em que velemos o mundo...
Momento em que se fez moribundo,
Em que eflúvios se revelaram ao fim...

(Poeta Dolandmay)

sábado, 21 de janeiro de 2012


A voz e o Poeta

Como posso estranha voz que me guia,
Eu gritar pro mundo o vosso amor e chorar
Se a cada instante me fenece a alegria,
Se a cada instante à minha boca é sangrar?

Nos meus olhos já não há lágrimas... Fria
É a minh’alma, o meu coração já não é amar...
O mais alto que o sol esquenta, à esguia,
São meus pés calços que já não é suportar!

“Perguntas sem que me entendesse direito!
Nos céus, meus sons cantam estrelas...
Na terra, teus murmúrios me são de amor!

Deus deu aos teus cantos o coração perfeito!
Que invocas, em mim, às cantigas belas
Pra gritar em ti, oh, meu Poeta esplendor!”

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012


Ingênuo

Quem sabe, então, o que antes fostes,
Um encantamento as delícias de amor,
Dizeis-me a notar-me outro furor,
Sem que cousas vossas me encostes...

Que sei, no entanto, que de esplendor,
Outrora, apenas, quando pentecostes:
Festejo que anjos em celebridade postes
À memória dum único que amar fuor...

Então, não me inventam cousas outras;
Dizeis-me que fizestes dum encanto
O afeto que por todos os ventos sopras...

Bem como me vago, a pântanos afora;
Que dum Poeta me notado canto
Ao Deus de amor e por tos que chora...

(Poeta Dolandmay)

Magnífica
(A anjo Mira)

Como em prantos de apojos, secular,
Mulher das rochas e das flores,
Que de paixão alimenta os amores
Dos anjos, e dos bálsamos peculiar

Com os magníficos azuis de seu olhar,
Dos lírios, das rosas, de seus pudores,
Banhas a terra dentre as dores,
Como os céus a fizeram, deslumbrar...

Cantiga entre as almas do deserto
O oculto sentimento das promessas,
E envolta aos caminhos da aurora

Como a magnífica dos jardins aberto,
Troveja em assombros, e remessas
A dor dourando os ares como outrora...

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


Saudade...

Dizer o que sinto talvez seja incerteza.
Aloucada aos meus versos passa à dor...
Quisera ser o tempo do nosso amor;
Convulso, insensato, pranto e tristeza,

Mas alto em vaidade, paixão e beleza.
Se porventura em razão fosse eu pecador,
Pudera teus pejos sem voz de primor?
Ó saudade, que perdure a tua nobreza!

Pois assim, contudo, sou transloucado!
Vivas de desejos em nós lado a lado
Rompendo as friezas dum sentir breve...

Que insensatas me sejam tuas torturas,
Por alma que te vive nas amarguras
Quais as convulsas letras que te escreve...

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012


Devorador de pecados

Enlouqueces e crias tentações subumanas;
Abutre gentil, afamado em coerência pura,
Submete em bálsamos ricos e perdura
O teu cerne podre, que em alma enganas.

Trai! As promessas de ouro em armadura.
Gafado em tuas cobiças, mente e fanas
As torturas que remete, e emanas
Na persistência dos poderes que lhe dura.

Piedoso, julga-se a alquimias transparentes.
Na aura dos teus ares, o acaso suporta,
Como a imensidão dos enfermos dependentes.

E, endoidecido sob o deus que lhe importa,
Rebate a fogo, quando os teus olhos quentes
Enfurece os espíritos de fragrância morta!

(Poeta Dolandmay)

sábado, 14 de janeiro de 2012


Murmuram...

Como seres benditos que desceram
Sobre a terra dos pecados, malditos,
Vagueiam desesperados... E aflitos
Subjugam a santidade que perderam!

Anjos que às maldições se renderam!
Anjos que adormecem os espíritos
Em teus fólios de cristais, e fictos,
Sob a luz que desce me envolveram!

Julgam-se aos meus olhos claridade...
Por amor, e de paixão, e de vaidade,
Por trovador, embriagado, e absorto!

Os teus olhos são caídos à minh’alma...
Frios, por se esquentar a noite calma
Na falsa e morta luz do meu conforto!

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


Renascer

Tudo que me é morto, ou podre, ou indecifrável,
Tudo que me é de pecados ou de incensos afrodisíacos,
Que me destrói nas impurezas dos sentimentos,
Que me fere o coração, e o corpo, e o espírito,
E não me alçam em voo sobre os amores de fogo,
Tudo que não me é cumprir os mandamentos e a justiça,
E os poderes, e a calma, e as glórias do firmamento,
Que são de tormentos, que são sem razão, em vão
Ou que são simplesmente incompatíveis a minha memória,
Por insanidades entre os mortais, e os anjos,
Tudo que não me faz perdurar no amor e na bondade,
Tudo que não me é no olhar o infinito,
Que não me ambiciona na conquista da eternidade,
Que me faz de um só murmúrio, fólios e mito...
Que tudo me seja de inconstâncias, e de provas absolutas;
Porque nada é intransponível ao renascer de um sol!

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012


Ao luar de apogeu...

Eu sei lá se sou alguém
Cá nesse mundo onde não se é ninguém...
Talvez mais um rastejante
Neste astro de poeira e desdém!

(Poeta Dolandmay)

Mas que brilhar em ardentia...

Se que as chamas brotam do calor;
assim como o Poeta ressurge das cinzas.

(Poeta Dolandmay)