quarta-feira, 30 de maio de 2012



Expressão

Digo aos versos a voz conspirada,
Qual dispersa amargura e amor...
Que vem quente, outr’ora gelada,
Que vêm trevas e vem esplendor...

Digo de alma, de ternura apagada,
De espírito-luz, de intenso fulgor...
Que digo da esperança fechada,
Que digo da fé a Deus-alto: Senhor!

Voz, que ao mudo, a alma chora...
De palavras frias, coração apavora,
Que apaga estrelas ao céu imenso...

Que ao reverso, perfume se’spalha...
Em primor aceso, do Divo que talha,
Como brisa mansa ao ar propenso...

(Poeta Dolandmay)


Num acaso conspirado...

(...)

“Os anjos me disseram que todo destino é mudo,
pois somos dele o que queremos ser.”

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 28 de maio de 2012



Reflexivo

De palavras nos faz o tempo, de amor nos completa a vida.

(Poeta Dolandmay)

sábado, 26 de maio de 2012



Destino mudo

Ao mundo me chegaste; e a dor me seja branda
Do primeiro sopro aos ventos de tristeza, elevado...
Disse-me os anjos dos céus que me agrada:
Vai como o sol que queima, seja luz e ornado!

Que na terra ando, como um louco desdenhado...
E por meus sonhos, e por minha esperança aceitada,
Que suplico! Que me amargo um ser curvado,
Como quem surgiu duma amargura conspirada. —

Vai, meu corpo bendito, e te brilhas da luz pura!
Por as trevas em que te passar, ao caminho torto,
Vai como a lua que nasce na estrada escura!

Que vagueio em meio ao fogo, sob o ar que respiro,
Como um sopro de amor ao meu fiel conforto,
Que me elevo à Deus! Fortuna muda que deliro!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 16 de maio de 2012



Último Pranto

Acaso torto! Hás d’eu, portanto, cumprir
Por esta vida de prantos e de amor:
Existência qual foi traçado o meu porvir,
E glória, qual me foi vista ao esplendor...

O firmamento, que me figura em exaurir
A maldição, o engano sedutor
Que me avaria, em promessas, induzir
A alma em displicência ao meu fulgor...

O qual me invoca em ilusão ao pecado,
Que sem razão, me complexa ao mundo,
Que sem esperança me intui elevado...

E consumado eu me vejo ao sol disposto,
A vencer todo chão de ardor profundo
Que de triunfos, eu me vejo sorrir o rosto...

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 14 de maio de 2012



Deus

Nasci como me quiseste, elevado
E puro, no mundo que julgaste santo;
E as palavras me são santas, e canto
De insanas vozes o meu vão curvado.

Saí pela porta, de ilusão e de pecado,
Sem que me deste um vil encanto,
Sem que eu fosse um sorrir de pranto
Suave, e disposto, de inútil cuidado...

E de rugas caso a face, ao vento morto
Do meu indigesto tempo... E mudo
São os cânticos à luz do meu porvir...

Que vem tormento ao meu sol conforto,
E vêm canções ao meu pavor agudo;
Que o fim me fosse, ao teu amor sorrir...

(Poeta Dolandmay)

sábado, 5 de maio de 2012



Miragem

Ser um amor alegre entre os amados,
Ter um destino jurado e bendito,
Ser um modesto à não andar restrito,
À jamais pedir perdão dos pecados...

Ser um santo em meio aos malvados,
Ter na paixão tatuado um só grito
Como um sapo no frescor dos banhados
A esperar seu grande amor infinito...

Ter o que o Homem afirmou ao luar:
“Eis p’ra cada um uma estrela a brilhar...
Em toda vida há um vultoso plano.”

Ser simplesmente uma razão de viver...
Ter dum Poeta, o verso, um querer;
Que tanto no mundo eu sou um engano.

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 2 de maio de 2012



Outono

Um caminho restrito. Insatisfeito
De pecados, de amor e desejo...
Vejo nessa estrada o ardor d’um beijo,
Vejo em desalinho um sol desfeito.

E a noite, se banha em meu peito
Numa existência de conflito e de ensejo.
E o calor que sinto, e a luz que vejo,
De nada me completa o amor-perfeito.

Tempo complexo de paixão e verdade,
Donde fostes? Deixaste a saudade...
Não sei do quê! Nem da qual eu amo!

Vem outro tempo, e vem outra estrada...
E eu vejo o sol no queimar do nada;
E me vejo ao vento d’um novo outono.

(Poeta Dolandmay)