quarta-feira, 31 de agosto de 2011


Motivo

Por tudo aquilo que eu fui, que eu sou, e serei
Na distância em que o infinito me guarda...
E por tudo aquilo que eu ainda nem sei
E do que serei nessa vida que me diz amada
Mesmo assim, às vezes solidão, outras amor,
Mesmo assim, agora sem nada, sem fulgor,
Sem que os dias amanheçam sorrindo,
Sem que à tarde seja de calor, seja sem ar,
Sem que à noite não me tenha o luar,
Mesmo que as cantigas me cantam ferindo,
E os pássaros não voam, as flores não cheiram
E o mar seja cinza, e o sol não aquece...
Eu sei, que tudo é dos céus que me queiram
Sorrindo a prova do que em mim apetece
Sem que num adeus eu venha a abandonar
Aquilo que me foi dado, que me é, que me será
Um viver sem dor, de paixão e de glória...
Por tudo isso, hoje, me deixa a memória
Que sonhos não morrem e esperança é amar.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 30 de agosto de 2011


O início

Induziram as sementes
A não se exporem ao tempo de sol.
Distorceram os sonhos.

Induziram os olhos
Que enxergavam o fim da noite.
Ofuscaram os dias.

Induziram as cantigas
Que soavam em meio às montanhas.
Implantaram o silêncio.

Induziram as esperanças
Que se continham ao tempo infinito.
Pararam os relógios.

Induziram o amanhecer...
Que ficou denso, que ficou morto.
Surdiram os ouvidos.

Induziram o coração
Que pulsava em vaidades eloquentes.
Mas não compreenderam o amor.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 23 de agosto de 2011


Sob minhas bênçãos

Eu não julgo as pessoas más,
as desejo a luz dos céus, sempre...
Que os pecados deles
sejam consumidos pelos anjos do bem,
e que os renovem na infinita paz
quando desse mundo se forem...
Eu sei que muitos irão me ignorar
nos meus momentos de felicidade,
mas eu sei também
que muitos irão me sorrir...
E os que me sorrirem,
que Deus os abençoe na felicidade,
e para os que me ignorarem
também; pois verão, o quanto é forte
uma benção de alegria...

(Poeta Dolandmay)

sábado, 20 de agosto de 2011


Meu livro

O tempo passa... Que pena o tempo
Não se disfarça, não me persiste...
O tempo passa... Lá vem o vento
À minha face, que nada existe...

E vem o tempo... Que não é tempo...
Olha ela aí, — minh’alma triste...
E vem a noite; meu sentimento
N’ la sem lágrimas que me resiste

...Visão sem olhos, corpos sem luz,
Amor sem cor que não traduz
O espaço fúnebre de seu infinito...

Lá vai a vida... Tempo sem nada...
Sem quer paixão nem gargalhada,
Vão-se em fólios, desejos, e mito...

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011


Ressurreição

“Eu deixei que o mundo falasse de mim,
Que me vissem como um mendigo.
Eu deixei que todos me vissem assim:
Ele é aquele que roga aos céus, perdido.

Nesse mundo de vaidades eu fui perigo.
Aos reis, santo sem morte e nem fim...
Donde o amor não morre fui querubim.
E o meu sangue ao mundo, esculpido...

Daquele de que fui traído, beijei a face,
— Do mau que o ordenava ficar de pé
A ornar o meu corpo triste sobre a cruz...

E daqueles que de mim, oração falasse,
Eis que os ressurge a salvação, e fé...”
Disse aquele que nos deu a vida: Jesus!

(Poeta Dolandmay)