terça-feira, 24 de setembro de 2013


Maior pecado

Imenso amor que ao meu peito guardo,
Tão maior, não há de ser noutra vida
Que a eleve em despercebida,
Que de encantos se caminhe em fardo.

Tão maior, não há de ser em fogo-árduo
Nem de afetos que ao coração não lida,
Que de su’ existência incandescida,
Que dos cânticos que ao sol aguardo.

Amor meu, que dentre paixão me ferve,
Onde não há de me veem leve
Nem aos enganos que o fazem sorrir...

Sentimento louco em que de mim existe
Não há de ser noutr’alma em riste
E nem há de ser maior pecado a vir...

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013


Afeto

O tenho porque a vida me deu, portanto,
Para mantê-lo altivo e forte
Sem que o tenha de repente à morte,
O complemento de essência um espanto!

Sempre o mantendo de perfume infanto!
Sempre o ouvindo de inteira sorte!
Que morrer não fosse nunca a norte
Cantando... e sorrindo... chorando e tanto.

Ao sol alto e de infinito o ando viver...
De sorrisos largos, complexo, equivalente;
Que o tenho a propósito de encontrar...

Que no mesmo recesso e ao mesmo querer
O sobressalto, portanto, a toda gente,
Que o amor nos seja a vida, o som, o ar...

(Poeta Dolandmay)

sábado, 14 de setembro de 2013


Verbo–amor

Não! Não precisa amar! Eu sei que é triste!
Mas, olha, me disseram que é bom!
Que ao peito de todo lo’co existe!
Que se conjugado faz-se rir o coração!...

Quem me disse? Sei lá! Por que insiste?
Deve-me notar p’ra não ficar em vão!
Cantar... chorar... viver... consiste
Se acalentar – (p’ra amar na imensidão)

Já me disseram que até se falta ar... Sei lá!
Se fo’ sorrir tá no peito... Onde?
Se fo’ paixão não trouxeram p’ra cá!...

O quê? Vamos tentar? Deus! – (rimou com dor)
“P’ra se’ bom tem que se’ triste!” Donde,
Minh’alma, que se conjuga esse tal de amor?...

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013


Pagão

A vida segue-me andando
Sem que o destino possa-me compor...
Qual sol? Qual luar? Ando
Sem saber onde encontrar o amor...

Qual chorar? Qual mágoa? Pecando
As sombras desse caminho... Nem dor
A mimh’alma desdenhando
Possa-me servir qualquer vigor...

Lágrimas encontram-me à cadência...
Qual sofrer? S’em nada pensa
A esse falsando que ninguém viu...

A essa vida, eu respondo:
Vai andando... e cantando... compondo
A encontrar quem lhe sorriu!...

(Poeta Dolandmay)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013


Coração

Ao teu pulsar, choram as noites frias,
Ao teu pulsar não há orgias nem pecados,
Ao teu pulsar, amam os falsados,
Zombam... o que sente dor, em euforias

Aos meus acalantos de temor e de agonias...
Na solidão dos fantasmas magoados
Que vagueiam, dentre as horas, desolados
Em minha voz, de cantigas fugidias...

A vida é cinza... e sem luar, e sem primor...
Em cadências rigorosas sem amor...
De pele fria, acalentada e sem paixão
Que vestem os sepulcros do meu corpo

Aos pedaços, desse miserável coração
No compulsar... triste, e zombado, e absorto...

(Poeta Dolandmay)