segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Insanidade

Por que de vida estranha pôde o amor?
Que sentimento corrompe e engana
Em gume desejado, sem que o fosse dor
Numa vida ardente e de alma insana?

Por que de vida alheia a paixão profana?
Quais eloquentes vozes de condor
Ao brado de anseios duma alma humana
Pôde o coração sem que a fosse ardor?

Antes inspirados em desejos poucos
Os meus lábios ávidos e inconsequentes,
Que fosse a sofrer eu em sonhos loucos...

Móvel no qual me ponho a dormir
Sentindo os castigos das cobiças quentes,
E que nada de insano fosse a eu devir!

(Poeta Dolandmay)

sábado, 26 de novembro de 2011


Numa rua que ontem passei...
(Mendigos d’ Luz)

Nada nos surpreende mais, nada.
Os ventos murmuram nas ruas
E as almas melodiam as canções,
E elas cantam...
Não há pássaros, não há árvores nem flores.
Mas nessa escuridão estamos nós
Como fulgor de estrelas apagadas.
(E eles estavam ajoelhados ao chão.)
Sem nos surpreender.
Sim, em clamor aos anjos eternos...
E eles bradam aos céus
Mesmo que nada nos importe mais.
Eles estão aqui, ao lado de nós; por glórias.
Eles estão aqui ao lado dos mortos;
Porque a nós se importam,
Mesmo sem luz, mesmo sem amor.
Porque somos eternos...
Mesmo sem vida, mesmo sem sermos santos.
Mas podemos escolher,
Podemos escolher ser os melhores...
Os que têm vida, mas não se importa.
Os que têm amor, mas não doa,
Não cantam, não clamam...
Porque tudo é único a nós mesmos
Porque só vemos uma luz, a de nós mesmos...
Até quando vamos viver?
Eternos, não poderemos ser de sangue.
Mas eternos...
Poderemos ser de luz e de canções...
Eternos, não poderemos ser de sangue.
Mas eternos...
Poderemos ser glórias e de amor...
Mas por que vagamos?
(E eles estavam ajoelhados ao chão.)
Porque nada nos surpreende mais, nada.

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011


Aflição

Momentos de dor ao peito triste!
Que tudo nos leva a se envolver,
Que nos consome sem compreender
Os enganos avaros que nos resiste...

Solidão, que a toda alma existe...
Renascendo aos olhos sem vos deter,
Sempre em ilusões a nos prender
Nas noites frias que vos persiste...

Nada é de adiantar na ilusão, nada!
Sempre ao coração o brilho apaga...
Sempre indefinido é qualquer amor!

“Se que de engano é que nos cria
Os momentos de tortura, à noite fria,
– Que nada de orgulho vence a dor!”

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011


Uma razão pra existir...

Tudo quer à imensidão,
Porque o coração existe, você ama.
Tudo ama sem sentir.
Porque o amor que canta é viver...

Tudo quer ver alegre,
Porque de vida extensa fica breve.
Você sorri.
Tudo sorri em fantasia.
Porque à esperança é enternecer...

Mocidade, não há de compreender.
Tudo nasce e se vai como se vem.
Cantamos e vivemos para sempre...
“O sol queima sem sofrer.”
(A lua ama sem sentir.)
Porque nada é de razão indiferente.

E o mundo gira, e nasce.
E você renasce.
E as flores crescem.
E o amor nos julga eternamente...

Porque tudo quer à imensidão,
Porque o coração existe, você ama.
Tudo ama sem sentir.
Porque existe uma razão pra existir...

Você feliz!

(Poeta Dolandmay)

A minha voz

A minha voz é de amores! Enfeitiçados
Os que ela ouvir; – gritos de saudades!
Somente os corações desventurados,
Hão de ouvi-la, por tristezas e verdades.

A minha voz é de paixão e de vaidades...
Por distúrbios; – afetos desconcertados!
São murmúrios de dor e ansiedades,
Que aos ventos vagam desconsolados...

É de beleza, a ouvi-la, aquele que chora,
De chama o que ouve essa voz que clama:
“Benditos de amor; – os que lhe devora!”

Pois a mim, mais nada há por se perecer,
Mais nada há, em voz que se derrama...
– Por distúrbios em amores eu absorver!

(Poeta Dolandmay)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011


Aos versos de antes...
(Lua irmã)


Saber o que eu era – dantes à vida
Ninguém pode, nem eu a rir...
Pois que falar, já ensandecida
Ponde a minh’alma: não vou sorrir...

Tantos mistérios... Oh, luz guarida!
Perguntei a lua em seu luzir:
Meus versos d’ouro, a chama erguida,
Sabido aos céus já de existir?

Lua responde, em tom grosseiro:
Saber Poeta! Que sou mais formosa
Que as estrelas de seu cruzeiro,

Que sou mais luz que uma rosa,
Não mais que a ti, – que é verdadeiro!
“................................................”

(Poeta Dolandmay)