quarta-feira, 27 de abril de 2011


CONDENADO

Eu me perdi ao mundo em fogo extremo
por melancólicos vícios desprezados,
que aos seus lavores imaculados
me prendeu n’alma tudo o que tenho...

E por medo a sanidade eu me condeno
nesse achaque a devaneios desconcertados
por morrer à devassidão os condenados,
qual a mim, eternizados, no que temo...

Todavia, oh, imaculada, do além desprezo
em mim não esqueço do amor que tens,
e nem ao menos dos risos que eu já lhe dei...

Pois, aos versos em verdade eu te apreço,
mesmo a mim, ter condenado, aos seus bens,
em amor, oh, vida, lhe canto o que julguei.

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 20 de abril de 2011


ESPERANÇA

No mar do meu sonho
Existe um monstro
Que as águas aumentam
Por te ver chorar
Pelo naufrágio do teu amor,
Que lhe poste a findar
Emboscado por angústia!

Sem que estivesse pronto,
O teu mundo acabou...
Porque não pode amar,
Nem ao menos pode viver
Tudo que lhe foi dado!

Em um mundo de desamor
Não pode sonhar...
Emboscado em teu ser!

Talvez um dia o encontre,
Quem sabe ainda vivo
Eu o possa salvar...
Quem sabe não morreu,
Esperando encontrar
A alma pura da vida!...

“Porque o amor não perece!
Faz-se forte e se multiplica
Diante de toda melancolia,
Que ao ser lhe faz afadigar...
Diante de toda nostalgia,
Que lhe tira a esperança...
Mas se renova no Senhor!”

(Poeta Dolandmay)

quinta-feira, 14 de abril de 2011


ESPERANÇA OCULTA

Tu, que sempre me foste paz,
nesta hora, em blasfêmia me traz
as angústias dos meus medos...

Tu, que sempre me foste amor,
nesta hora, em arrogância e dor
me oculta os fúteis segredos...

Os sôfregos d’um dia eterno,
que na ardência ao fogo quente,
na alma me corrói e sente
os compulsivos necrológios...

Instante a cifrar meus anseios,
que na obscura claridade
de o meu temor à sanidade
me fazes parar os relógios...

Tu, agora, euforias me contes...
Pois, pregado atrás dos montes,
me encontro à cruz dos teus seios.

(Poeta Dolandmay)

terça-feira, 5 de abril de 2011


ILUSÃO

Eu não quero o mundo, não amo o mundo
que se faz solitário aos meus sentidos,
aos meus amores, e aos jardins benditos
que me são fiéis, e que me são profundos...

Não quero parar, nem pensar, – oh! no fim!
que tudo poderá acabar sem reconhecer
a estrada em que eu caminho, sem perder
as ilusões que se rogam dentro de mim...

Nostálgica me é a vida, o amor me é existir;
sem saber que aos corações nunca pude
o prender, nem mesmo, com ele me iludir.

Estranho me diz a transparência: estranho!
Como é que eu verso o amor em atitude
se dentro de mim, eu apenas com ele sonho...

(Poeta Dolandmay)