terça-feira, 27 de outubro de 2009


Um Louco Sonhador!

Saudades que me invade, em ilusão...
De um amor que não aconteceu, ó dor!
Que bem, ó sonho, não fosse de amor,
Talvez não quiseres o meu coração!...

Já bem que tu foste ao teu esplendor...
Por que não voltas?... Deixaste solidão
Neste louco Poeta que já sofres o rigor
Desta vida tão fria de sagas em vão!...

Sim... Sou louco! Não sabes? Vou dizer:
Entendas como podes, um amanhecer
Dum sofredor que a noite sofre também!

Sou alma, sou vida, que tanto sonha!...
Talvez se eu tivesse alguma artimanha
Faria por mim louco o amor dum alguém!

(Poeta- Dolandmay)

O meu querer!

A minh'alma anseia-te! Ó chama viva!
Fogo luzente da vida, de todo o ser!...
Que te roga soberana, bela e altiva
Por arder no teu tíbio, cantar e viver...

Minh'alma de tão louca te sonha, cativa
Flamejante e perfeita no teu querer...
E, na mais vaga noite, ver-te sensitiva
A queimar-me na pele o teu bel-prazer!

Ó ânsia, que no meu peito tanto chora!...
Embriagado por ti, que fosse outrora
Já que presente por hora quer-te sentir!

Que ardente tu venhas a me encontrar...
No teu rigor extremo, às ondas do mar!
Que me faça pela lua inteira, o teu luzir!

(Poeta- Dolandmay)
Luz da Noite!

Uma voz!
Um desejo!
Uma paixão!

Um olhar!...
Um sorriso!
Um coração!

Um desespero!
Um sonhar!
Um amor!

À luz do dia!...
No peito é dor!

Uma manhã!
Um entardecer!
Uma noite!

Volta o ser!...
O esplendor!

(Poeta- Dolandmay)
No seu impossível

Na noite escura do teu penar
Sou vento, que te roga santa,
A brisa que acaricia, e manta
Que te envolve o rosto, o ar!

Sou o ser que vaga, a portar
Na candura que em ti canta...
Sou a melodia fina, e infanta
Que na tua alma quer entrar!...

Quero o teu corpo envolver...
No teu arrepiar frio te sentir,
Nas tuas entranhas, se perder!

Trago-te a chama do existir...
Os desejos, o amor, e o viver
Que tanto esperaste, por vir!

(Poeta- Dolandmay)

domingo, 18 de outubro de 2009


Esfinge

Ora, se há apenas um conceito do amor,
fazeis entender o que roubaste, o coração!?...

(Poeta- Dolandmay)

Tortura fria

Vivo assim, um tanto, desesperado.
Busco a sombra do sol na noite fria...
Por queimar-me a pele a luz do dia
Onde me pus o coração, desprezado!

Vivo assim, sob o mantéu enfeitado.
A devorar a minha vultosa nostalgia!...
Vê-me a lua: sou a estrela fugidia
Que o deste o clarão tetro sufocado!

Sim, eu sou o Poeta que te enfeitas,
Que não quer no mundo a tua dor.
Sou quem tu vês, no leito que deitas!

Sim, que seja em mim o teu langor...
Por devorar-te a noite que rejeitas,
Por queimar-me a pele, o teu amor!

(Poeta- Dolandmay)

Lua em Glória

Eu sou na vida, ó lua, o teu mal desfeito!
Busquei entender em ti o que não me tinha.
Eu sei que esta tua vida jamais foi minha,
A sofrer na tua luz a dor que sinto no peito!

Tu és do clarão todo o esplendor perfeito!
És da noite a vida, das trevas é a rainha...
Voa as aves no teu tíbio, voa a andorinha,
A levar-me nas tuas asas o meu deleito!...

Eu sou quem te encanta no frio da noite!
As lágrimas que correm ao teu afoite...
Sou no teu beijar da alvorada os olhos teus!

Daria a minha vida a ti, por uma luz no dia,
Mas glória! Eu sou sobre ti toda a poesia!...
Do langor as vidas, a mim, só não és Deus!

(Poeta- Dolandmay)

Chama Viva!

Tem do meu amor uma graça tão pura...
Que te beija na noite, que te beija no dia!
Quais vidas levam a ti certa fantasia...
Para amar-te, desejar-te, serena criatura?...

Vives do meu amor puro de tanta magia,
Que é o encanto a oferecer-te candura...
Qual sentimento busca a levar-te a orgia
Para findar-te em ti o amor que me dura?...

Digas, ó Palas, minha rainha da verdade,
Juras a mim, que sou eu, a tua vontade
Por levar-te no mundo o Don de amar!...

Olhas em fim, para a alma que a ti ama,
Dizer-te num momento: viva a chama
Que me deste na vida o amor p'ra cantar!...

(Poeta- Dolandmay)
Canção Perdida

Quem sabe, talvez, o mundo não me quer.
Serei eu resto dum naufrágio incompleto?...
Talvez seja resto de uma madeira qualquer
Sem ter a marca ou penhor, de um dialeto...

Ou quem sabe, talvez, sou chaga sem poder,
Sou ferida que ninguém vê, por completo...
Uma estranha voz, uma canção dum querer,
Talvez seja eu, um enigma, um ser indireto!

Eu sei que a minha sorte não é neste mundo...
Talvez, pela explosão, dum céu moribundo
Sou quem anseia estrelas no reflexo do mar!

Eu sei, que nesta esfera, sou um ser perdido
Que busca encontrar neste mundo ferido...
Uma melodia, talvez, que seja p’ra cantar!

(Poeta- Dolandmay)